Artigo de Opinião, Opinião Recente

União Europeia e Brasil: Cooperação

A nova década traz consigo um mapa geopolítico em mudança. Num quadro
diplomático fragmentado e imprevisível, as relações entre a União
Europeia e os seus aliados devem ser preservadas e fomentadas. Durante
os próximos anos, a República Federativa do Brasil deve estar no centro
da diplomacia europeia.

O Brasil é o quinto maior país do mundo em território e tem a nona
economia do mundo. Tem hoje uma população de mais de 210 milhões de
pessoas. É um ator incontornável das relações internacionais e da
lusofonia. Após a eleição do seu novo presidente, em outubro de 2018, o
país está em mudança.

Também a União Europeia sai da última década renovada. Com novas
prioridades, entre as quais o Pacto Ecológico Europeu e a preparação
para a era digital. Com novos atores: uma nova composição do Parlamento,
presidido agora pelo italiano David Sassoli; uma nova Comissão,
liderada pela alemã Ursula Von der Leyen; um novo presidente do Conselho
Europeu, o belga Charles Michel.

Separados pelo Atlântico, a União Europeia e o Brasil mantêm hoje
semelhanças e afinidades. São espaços de democracia e de liberdade onde o
Estado de Direito, a liberdade de imprensa e a defesa da dignidade
humana são valores que têm de ser constantemente vigiados, para que
sejam totalmente cumpridos. Se protegermos estes valores, teremos um bom
futuro.

Assinámos, recentemente, o histórico Acordo do Mercosul, cuja entrada
em vigor, depois de 20 anos de negociações, é ainda um desafio para as
duas margens do Atlântico.

No Parlamento Europeu, assumi recentemente as funções de presidente
da Delegação para as relações com a República Federativa do Brasil.
Tenho reunido com centenas de brasileiros, dos mais diferentes campos
políticos, com as mais diversas preocupações e opiniões. O Brasil
precisa do projeto europeu, como a UE precisa do Brasil.

Por isso, estou convencido que, durante a próxima década, a
palavra-chave deve ser cooperação. Sem lições, paternalismos ou
ressentimentos. Com cooperação. Uma cooperação que deve assentar não
apenas na multilateralidade, particularmente através do diálogo nas
Nações Unidas e nos seus foros especializados, desde a Organização
Mundial do Comércio à Organização Internacional para as Migrações. Uma
cooperação que deve basear-se, sobretudo e fundamentalmente, na
bilateralidade e na proximidade, nomeadamente nos domínios da
investigação e da inovação, em que o Horizonte Europa pode e deve ter um
papel fundamental; na diplomacia económica, com a flexibilização do uso
dos instrumentos financeiros europeus pelas empresas brasileiras, e com
a atribuição de um papel mobilizador ao Banco Europeu de Investimento;
no combate às alterações climáticas e na promoção do desenvolvimento
sustentável, seja através da erradicação da pobreza, seja por via do
respeito pelos direitos humanos.

Portugal é, porventura, o principal interessado nesta cooperação. Os
brasileiros são a maior comunidade de imigrantes em Portugal, com
105.423 residentes (21,9% do total de estrangeiros), segundo os
indicadores de 2018. Esta é uma relação transatlântica em que Portugal,
por questões geopolíticas, linguísticas e culturais, tem particular
proveito. Uma cooperação que, em simultâneo, será útil para o Brasil. O
nosso país saberá decerto, e uma vez mais, lançar pontes. Ser a porta da
Europa. Fazer caminho para um futuro com liberdade, mais igualdade,
sustentabilidade, prosperidade e coesão para os que moram nas duas
margens do Atlântico.

Gosto

• O Sporting Clube de Braga sagrou-se “campeão de inverno”, vencendo a Taça da Liga e trazendo novas motivações para a ambição arsenalista. Uma conquista justa e o corolário mais adequado para uma Final Four que dignificou e valorizou a cidade e a região. E é a melhor forma de lançar o último ano do primeiro centenário do SC Braga, “histórico” pelas conquistas não só no futebol, como também nas diversas modalidades, e enquanto promotor de inclusão social e valores humanistas. É isso que reforça um clube com memória, que tem hoje um presente forte e de ambição para o futuro.

Não-Gosto

• A deterioração das condições de trabalho é a principal causa do sobre-endividamento das famílias. São dados da associação de defesa do consumidor DECO, a quem mais de 29 mil famílias recorrem para apoio a situações de rutura financeira. O desemprego está abaixo dos 7%, mas com indicadores de subida nos últimos meses. O que agrava a situação das famílias que têm visto os rendimentos a descer, com salários baixos e atrasos nos pagamentos. Consequências de políticas sociais e de trabalho sem ambição e que põem em causa a produtividade e a competitividade da economia.