In NOVO, 23 Março 2024
Luís Montenegro inicia um novo ciclo político com uma vitória clara nas eleições legislativas. Há que sublinhar que o Chega e a Iniciativa Liberal estão à direita do PSD e tiveram mais de 23% dos votos, o que realça e valoriza a vitória da Aliança Democrática.
Luís Montenegro governará com competência, ambição e serenidade, procurando o consenso necessário na Assembleia da República. A missão é dificílima, o trabalho será árduo uma vez que a AD e a IL não têm maioria parlamentar e nem a abstenção do Chega é suficiente para poderem formar uma maioria na Assembleia da República. O tempo mostrará a responsabilidade e maturidade de cada grupo político.
O Partido Socialista lidera a oposição e tem também a obrigação de contribuir para o consenso e a estabilidade. Veremos quem são os moderados e quem são os radicais, quem defende o interesse nacional e quem lhe sobrepõe o interesse partidário.
A esquerda foi a grande derrotada das eleições. O PS perdeu cerca de 500 mil votos face às eleições de 2022. Ironicamente, Augusto Santos Silva, que tudo fez para dar palco ao Chega, acaba vítima das suas próprias decisões: não é eleito por causa do Chega. O Bloco de Esquerda manteve o mesmo número de deputados – 5 -, o PCP/PEV passou de 6 para 4 deputados e o PAN manteve a sua líder como única representante. A esquerda encolheu em número de votos e de mandatos, tendo perdido a folgada maioria que possuía. O Livre é, à esquerda, a excepção: passou de 1 para 4 deputados conseguindo assim formar Grupo Parlamentar.
André Ventura não ganhou, mas teve um crescimento exponencial: passou de 12 deputados para 50. Há mais de um milhão e cem mil de portugueses que votaram neste partido radical de direita.
Estes votos são – sobretudo – o resultado das políticas dos últimos anos que conduziram ao desencanto, descrença e frustração dos portugueses.
A IL manteve os 8 mandatos na Assembleia da República.
Lamento os votos que se destinavam à AD, mas foram “parar” à ADN. A confusão entre siglas desvirtuou o resultado e levou a que a AD perdesse pelo menos 3 deputados.
Registo como positivo a vitória da AD e a descida da abstenção para valores que não existiam desde 1995.
Portugal vive uma situação de descontentamento generalizado de desconfiança nas instituições, de instabilidade em sectores cruciais para o crescimento económico, nomeadamente, na educação, na saúde, na justiça. A tudo isto, acrescem os enormes atrasos na execução do Plano de Recuperação e Resiliência e no Portugal 2030 que deveriam ser utilizados como mais-valias para os portugueses, para as famílias e empresas. Ao invés, foram oportunidades perdidas ao longo destes anos de governação socialista. A AD recebe uma herança pesada, mas estou certo que Luís Montenegro vai resolver e cumprir com os compromissos que assumiu.