Esta semana, depois de dezenas de horas de negociações com o Conselho da UE chegámos a acordo sobre o orçamento da União Europeia para 2022. As negociações são sempre tensas e imprevisíveis, mas o bom senso e o medo dos duodécimos ajudam ao acordo.
Não há orçamento sem a Alemanha e a França concordarem o que resulta do facto de contribuírem respetivamente com 23.85% e 18.77% do total do orçamento.
No momento da negociação, assistimos sempre à tradicional e infeliz divisão entre contribuintes e beneficiários líquidos do orçamento da União Europeia. Os denominados “frugais” apelam à redução das contribuições, alegando que contribuem mais do que recebem. E é verdade que os “frugais” fazem contribuições para o orçamento da União que são superiores aos valores que lhes são dedicados em termos de despesa do orçamento. Mas significa isso que perdem com o orçamento da União? Longe disso, porque a pertença à União Europeia não se resume aos envelopes financeiros do orçamento. A pertença à União significa também a pertença ao Mercado Único e, aí, os principais beneficiários são precisamente os “frugais”. Surpreendentemente, ao contrário do que apregoam tantas vezes os governos dos “frugais”, são eles quem mais beneficia da União Europeia e, consequentemente, do orçamento da União. Obviamente que as contas sobre este tipo de benefícios raramente entram em linha de conta, e por isso é tão importante apresentá-los: per capita, países como a Dinamarca, a Holanda e a Áustria apresentam ganhos superiores 1.500 eur per capita, enquanto que Portugal tem menos de 500 eur per capita (dados de 2019). Portanto, é falso que os contribuintes líquidos não beneficiem da União. Na verdade, todos os Estados-membros ganham com a União Europeia.
As prioridades do Parlamento Europeu foram reforçadas no orçamento para 2022, com um valor de 169,5 mil milhões de euros. O Parlamento conseguiu reforçar o próximo orçamento europeu com quase 500 milhões de euros relativamente à proposta inicial da Comissão Europeia, abrindo caminho a uma recuperação para uma União mais forte, coesa, competitiva e resiliente. Materializou-se assim uma oportunidade para a Europa, não só recuperar, mas seguir em frente, rumo a uma maior coesão social, territorial e económica.
Os reforços conseguidos pelo Parlamento são dedicados a áreas-chave dos desafios que enfrentamos hoje: a luta contra a pandemia e a vacinação em todo o mundo, o fortalecimento de uma União Europeia da Saúde e o apoio às pequenas e médias empresas. O Grupo do Partido Popular Europeu, ao qual pertenço enquanto deputado do PSD, lutou por um orçamento focado no futuro, com maiores investimentos na investigação, nomeadamente através do Programa Horizonte Europa, na transição digital e verde, e na educação, através do Erasmus+. Defendemos a coesão interna e em simultâneo o reforço do apoio humanitário e do financiamento aos países em desenvolvimento. Este orçamento fica agora nas mãos dos governos nacionais.
Portugal receberá no orçamento de 2022 mais de 22 milhões de euros por dia, o que corresponde aos montantes ainda disponíveis e não executados do Portugal 2020, aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência e ais fundos do Portugal 2030. Todos estes fundos deveriam ser articulados e servir uma estratégia comum, abrangente, com metas e objetivos concretos e mesuráveis. Esta planificação devia ainda ser pública, para promover a transparência, a monitorização e a responsabilidade política. Infelizmente, nada disto acontece. E assim, sem uma visão holística e conjuntural, Portugal torna-se no seu próprio obstáculo: o nosso caminho de desenvolvimento, produção de riqueza e bem-estar dos portugueses esbarra na nossa própria incapacidade de gerir os fundos.
É urgente que Portugal saia da estagnação económica e social em que se encontra há décadas. Temos de criar riqueza, ser mais competitivos, mais produtivos e desenvolver todo o nosso território. Neste tempo concreto que vivemos, não faltam recursos para isso. No entanto estamos a ficar cada vez mais na causa da Europa em termos de criação de riqueza e cada vez mais dependentes dos fundos europeus – veja-se o nosso investimento público, que provém esmagadoramente de Bruxelas. Mas não são os fundos, nem a Europa que vão modernizar Portugal, reduzir a burocracia, acelerar as decisões judiciais, dar previsibilidade fiscal. Esse trabalho é da competência do governo nacional. Não podemos continuar a desperdiçar oportunidades. A geringonça adiou Portugal porque António Costa só acredita na estratégia do poder, e não no poder da estratégia. Não tem os olhos postos no futuro, pois só lhe interessa a sua sobrevivência política. Portugal precisa de melhor, e as eleições legislativas de 30 janeiro são a oportunidade de o conseguir. Portugal não pode esperar.
Gosto
+BOSCH
Desde 2013, a parceria entre a Universidade do Minho e a BOSCH já rendeu 70 patentes, 750 empregos e um investimento de 167 milhões de euros. Esta parceria entre a indústria e a academia tem contribuído para o desenvolvimento e qualificação da região, para a criação de conhecimento tecnológico e para o aumento da competitividade de Portugal no mercado mundial. Cerca de 30% da faturação da fábrica de Braga passa por produtos desenvolvidos nesta parceria.
Este é um exemplo de modernidade e de progresso de uma empresa, de uma universidade e de uma região. São modelos como este que Portugal precisa e deve seguir!
+ IPCA
O Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA) viu aprovada a sua candidatura aos programas ‘Impulso Jovens STEAM’ e ‘Impulso Adultos’, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), garantindo um financiamento superior a 9,7 milhões de euros, para ações de qualificação superior daquelas duas faixas da população. A candidatura apresentada pelo IPCA, denominada ‘Skills Boost2025@IPCA’, prevê o desenvolvimento de sete programas, dois deles específicos para a população adulta (formação avançada e aprendizagem ao longo da vida), com a oferta de cursos nas áreas da moda e do design têxtil, da gestão de alojamentos turísticos, da modelação 3D e do fabrico ativo. Áreas de atividade fundamentais para a região que nos encontramos e que contribuirão, certamente, para um maior impulso do seu desenvolvimento.
Não-Gosto
– Seleção Portuguesa de Futebol
Portugal falhou o acesso direto ao Mundial 2022, ao perder no início desta semana com a Sérvia por 2-1, que ganhou pela primeira vez um duelo frente aos portugueses. A equipa das quinas, a quem chegava o empate e que começou logo a ganhar aos dois minutos, foi relegada para os playoffs de apuramento para o Mundial, que se jogará no final do próximo ano, no Qatar. Portugal, apesar de ter os melhores jogadores em campo, não foi a melhor equipa. É preciso jogar mais e melhor e é preciso interiorizar o verdadeiro “espírito de equipa”.
– Números da pandemia
Já se fala na quinta vaga da Covid-19 e, a manter-se a tendência de subida, em dezembro, o país poderá chegar aos 2 mil casos diários, sendo o reforço da vacina nas faixas etárias mais vulneráveis determinante para não voltarmos ao confinamento. O índice de transmissibilidade (Rt) está há cerca de um mês acima de 1, sem perspetivas de melhorias; pelo que, em breve, podemos encontrar-nos para além da linha vermelha, prevendo-se um agravamento, já no final deste mês. A batalha contra o coronavírus ainda não acabou. Os números já são inquietantes na grande maioria dos países da União Europeia, pelo que temos todos de ser responsáveis, ao ponto de não permitirmos recuar aos níveis iniciais. Para já, é certo que novas medidas de restrição estão no horizonte.