Artigo de Opinião

Os eleitores escolhem outros!

Na União Europeia, vivemos em Paz, democracia e liberdade, temos a maior economia do planeta e usufruímos de um excelente Estado Social. Na realidade, nunca estivemos melhor. Então, como é que se explica o regresso dos nacionalismos e do “orgulhosamente sós”? Porque é que o populismo rende tantos votos?

A memória da guerra está a perder-se. Damos – erradamente – a Paz como absolutamente adquirida. Vamos perdendo valores e há até quem os inverta, valorizando mais o direito dos animais do que os das pessoas! O imediato é que importa. Não há paciência para esperar por resultados. Não valorizamos as nossas conquistas. Tudo isto é verdade, mas não constitui uma explicação suficiente.

Até “agora” a geração seguinte vivia melhor do que a anterior. O emprego era para a vida. Os mais jovens tinham a expectativa de que teriam melhores condições de vida e rendimentos superiores aos dos pais. Era assim! Hoje, temos uma altíssima taxa de desemprego jovem e aqueles que trabalham recebem salários muito baixos, ainda que tenham excelentes qualificações. Não admira que os jovens constituam família cada vez mais tarde e a natalidade seja cada vez mais baixa.

Por outro lado, há cada vez mais empregos a desaparecerem e trabalhadores com enormes dificuldades em adaptarem-se a novas funções. A realidade muda de forma cada vez mais rápida, mas a melhoria da qualificação das pessoas, a legislação e os procedimentos muito tardiamente acompanham essa mudança. Repare-se no paradoxo de termos altos níveis de desemprego e, em simultâneo, uma enorme dificuldade em contratar mão-de-obra qualificada nos mais diversos setores. O mercado de trabalho exige flexibilidade, mas também terá de oferecer segurança aos trabalhadores. Todos concordamos que temos de reforçar as competências e apostar na investigação e inovação, na sustentabilidade e na inclusão.

A UE tem de continuar a ser um espaço de valores, onde a dignidade humana é inatacável e inalienável. A solidariedade, a partilha e a responsabilidade têm de ser um modo de estar.

É fácil culpar a globalização, incutir o medo, defender o protecionismo e apresentar soluções nacionalistas e simplistas que vão alastrando. No entanto, só com uma ação conjunta e coordenada a nível da UE é que podemos “domesticar” a globalização, eliminando os seus efeitos perversos, como a distorção da concorrência e o dumping social.

Os partidos políticos moderados da UE não têm estado à altura das exigências dos desafios atuais. Na UE, há um preocupante definhamento da família socialista, como se prova, por exemplo, na Alemanha, França, Espanha, Itália e Grécia. O crescimento da extrema-direita e da extrema-esquerda pode levar à ingovernabilidade da UE. Os extremos têm a mesma mensagem radical, simplista, anti globalização, anti União Europeia. As semelhanças entre o discurso de Marine Le Pen, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins são maiores que as diferenças. No Parlamento Europeu, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português votam – em mais de 90% dos casos – da mesma forma que a extrema-direita!

Na Hungria e na Polónia, assistimos a Governos de direita que mais se assemelham à extrema-direita. Na Alemanha, o AFD (Alternativa para a Alemanha) é um partido de extrema-direita que está pela primeira vez no Parlamento. O crescimento deste partido de extrema-direita não resulta de razões económicas, até porque a Alemanha tem uma economia robusta e em pleno emprego. Foi o ódio em relação ao outro, o egoísmo, que fez crescer este partido xenófobo.

Em França, os republicanos foram “engolidos” pelo “En Marche” de Macron, em Espanha os “Ciudadanos” crescem nas sondagens. Neste caso, são movimentos independentes que ocupam o centro e retiram votos à esquerda e à direita.

Todos estes factos e sinais evidenciam que os partidos moderados têm muitas dificuldades em falar aos cidadãos. Se os partidos moderados não renovarem os seus protagonistas e a mensagem que transmitem, os eleitores escolhem outros!

Gosto

• O Presidente do PSD, Rui Rio, ao defender um consenso alargado para os fundos e programas europeus pós-2020, está a colocar o interesse de Portugal acima do interesse partidário. Os fundos são fundamentais para Portugal e é essencial que o Governo de António Costa se apresente nas negociações com uma posição forte, onde as forças políticas pró-europeias estejam unidas.

• O presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha, tem feito um trabalho excecional. Esta semana, ao lançar a marca “Famalicão – Cidade Têxtil”, deu apoio, visibilidade e importância às preocupações do setor empresarial do têxtil e do vestuário.

Não-Gosto

• Já morreram mais de 450 mil pessoas desde que começou a guerra na Síria. Só na semana passada morreram mais de 500. 70% da população está sem água potável, não há acesso a apoios humanitários. E na ONU aprovou-se um acordo para um cessar-fogo que excluía ataques a terroristas, ou seja, cessar-fogo nenhum. Quantas mais pessoas têm que morrer para a comunidade internacional deixar de ficar indiferente?

• O setor da saúde e os seus fornecedores estão a ser dos mais crucificados com as cativações e a austeridade escondida deste Governo. Na semana passada sabíamos que 500 milhões que tinham sido transferidos para os hospitais para pagamentos a fornecedores estavam afinal congelados. Esta semana sabemos que as dívidas a fornecedores aumentaram 339 milhões de euros, desde dezembro! O Ministro diz que há hospitais em falência técnica! O Governo está à espera de quê para resolver este problema?