O Governo liderado por António Costa tinha tudo para dar competitividade, coesão, sustentabilidade e um futuro seguro a Portugal. Para além da maioria absoluta, dispõe de uma tempestade de milhões de euros da UE como nunca nenhum outro Governo teve. No entanto, a – única – estratégia do atual Governo é a de se manter no poder. Infelizmente, a ação deste Executivo não é a de planear o futuro. O único objetivo é o imediato, o curtíssimo prazo. Tudo é gasto em remendos e remedeios que vão servindo para iludir e camuflar a incompetência do Governo. Os portugueses, a geração atual e as vindouras mereciam muito melhor. Em termos de fundos europeus estamos a desperdiçar uma oportunidade irrepetível.
Temos um Governo sem coragem e sem vontade de modernizar Portugal. Como resultado temos os portugueses cada vez mais pobres, um Estado ineficiente, uma burocracia que aumenta, a habitação cada vez mais inacessível. Há o aumento da carga fiscal, que se traduz em mais receita para o Orçamento de Estado e, por exemplo, mais despesa no Sistema Nacional de Saúde. Paradoxalmente, o Sistema Nacional de Saúde está pior, há mais portugueses sem médico de família, os portugueses desconfiam da sua eficácia ainda que reconheçam a competência dos profissionais de saúde. O número de seguros de saúde não pára de aumentar. Na educação, há uma enorme frustração dos professores, com alunos sem professores em várias disciplinas. Os portugueses estão a ser penalizados, sobretudo os mais pobres. Os jovens estão a deixar de sonhar com um Portugal cheio de oportunidades e pensam cada vez mais em emigrar face aos salários miseráveis que recebem.
O Governo socialista adormeceu e anestesiou os portugueses fazendo-os acreditar que a pandemia e a guerra são os grandes responsáveis. Empobrecer não é uma fatalidade. Os países do Leste estão a produzir mais riqueza por habitante e muitos deles já nos ultrapassarem. Eram mais pobres do que nós, entraram depois de nós na UE, sofreram as mesmas crises globais, enfrentam os mesmos desafios, mas já estão à nossa frente.
No frouxo debate do estado da nação, António Costa falou de um país “cor de rosa” onde tudo está a correr bem. Escondeu que tínhamos a obrigação de estar muito melhor. Socorreu-se da estatística que dá jeito e da retórica e narrativa habitual. A sua intervenção ignorou os graves problemas na saúde e na educação, as sucessivas greves na função pública, a carga fiscal confiscatória, a crise na habitação e a legislação que a vai agravar, a instabilidade no seu Executivo, com um número nunca visto de demissões.
Portugal e os portugueses tinham de estar muito melhor. O crescimento tinha de ser muito maior. Não havia necessidade de tanto esforço fiscal por parte dos portugueses, que não reflete nenhum ganho, nenhuma melhoria nos serviços públicos que recebemos. A carga fiscal portuguesa não pára de aumentar e os serviços públicos não melhoram. Em 2022, o Estado português arrecadou em impostos cerca de 87 mil milhões de euros. A tempestade de milhões de fundos europeus é superior a 50 mil milhões de euros para 2021-2027.
Os portugueses vivem com maiores dificuldades financeiras. O aumento do custo de vida, a subida dos juros, a inexistência de uma boa política que combata os problemas da habitação, a redução de 4% no salário médio real em 2022. A elevada inflação está a aumentar as dificuldades das famílias – sobretudo das mais pobres – na compra dos alimentos.
A classe média está a ser destruída, estando cada vez mais pobre. Temos das maiores cargas fiscais sobre o trabalho: 41,9%. O governo está a implantar a sua ideologia, nivelando por baixo, aproximando o salário médio do salário mínimo, que já por si é muito baixo.
Segundo uma sondagem publicada recentemente, 52% dos portugueses inquiridos consideram o desempenho do Governo como muito mau ou mau, o que confirma o descontentamento dos portugueses.
Portugal é fantástico. Temos segurança, um excelente clima, paisagens paradisíacas, um património invejável, boas infraestruturas, excelentes universidades e instituições, boas empresas e empresários. Precisamos de ser mais exigentes com quem nos governa. Temos condições para melhorar os salários de todos os portugueses. Há que exigir a redução da burocracia, promover o mérito e o empreendedorismo, exigir previsibilidade fiscal, decisões judiciais céleres, nomeadamente nos Tribunais Administrativos.
Merecemos e podemos ter um futuro certo e seguro. Há todas as condições para tal. Não será com este Governo exaurido, sem estratégia e sem coragem. Um Governo cuja única preocupação é a manutenção do poder quando deveria ser o interesse nacional, a qualidade de vida dos portugueses e das próximas gerações. Não podemos aceitar a mediocridade, nem atirar a toalha ao chão, nem desistir de Portugal.
Gosto
+É preciso destacar os talentos portugueses e as instituições que possibilitam e potenciam o seu crescimento. Assunção Flores é a primeira portuguesa a receber o prémio de carreira da Associação Internacional de Estudos sobre os Professores e o Ensino. Parabéns! A diretora do CIEC – Centro de Investigação em Estudos da Criança e professora do Instituto de Educação da Universidade do Minho está de parabéns.
O júri internacional reconheceu o “percurso exemplar” de Assunção Flores e os seus contributos no âmbito do trabalho docente e da formação de professores.
+ A Cimeira UE-CELAC foi um reencontro positivo. A União Europeia (UE) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) retomaram o diálogo interrompido há oito anos para renovar a aliança e reforçar a parceria assente em valores e interesses comuns. A União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos formam, em conjunto, um enorme bloco de 60 países, com uma população superior a mil milhões de pessoas, e perfazem cerca de um terço dos membros da ONU. O Brasil voltou a estar no palco das decisões e podemos ter brevemente boas notícias para o acordo EU- MERCOSUL.
Não-Gosto
–Lamentavelmente, a Rússia suspendeu o Acordo do Mar Negro, com a recusa em a assinar a sua quarta renovação, o que é impeditivo da exportação dos cereais ucranianos. Este acordo é essencial no combate à fome nos países mais necessitados, pelo que esta é mais uma decisão cínica e cobarde de Putin. Parece-me evidente que não podemos diminuir a produção agrícola na UE. Por isso, não compreendo a posição dos socialistas europeus na defesa da diminuição da área de produção agrícola em 10% na UE e na redução de produtos fitofarmacêuticos. É uma posição irracional. Os preços dos cereais registaram já esta semana subidas acentuadas nos principais mercados.
+Os juros implícitos no crédito à habitação voltaram a subir em junho, alcançando os 3,649%. A prestação média subiu para 361 euros, sendo que 53% representava o pagamento dos juros. Este é o valor mais elevado desde abril de 2009. 14 anos depois as famílias vivem com muita dificuldade para pagarem o seu crédito. O Governo sabia que os juros iam aumentar mas preferiu esperar. Entretanto aprovou medidas avulsas embrulhadas no pacote “Mais Habitação” que não atacam as causas da dificuldade do arrendamento e da compra de habitação própria.