A União Europeia é sinónimo de paz, de valores, de desenvolvimento. Muitas vezes é vítima do seu próprio sucesso. Por exemplo, a paz é dada – erradamente – como absolutamente garantida. A UE foi construída tendo como objetivo inicial e principal a paz e, desde então, nunca mais tivemos guerra entre os Estados-Membros.
A UE está alicerçada nos valores europeus da democracia, Estado de Direito, liberdade, defesa da vida e da dignidade humana. Deles decorre o princípio da solidariedade e é sobre estes valores e princípios que construímos o desenvolvimento.
Nem sempre temos consciência que a UE é uma mais valia e, por vezes, a única solução para enfrentar desafios comuns e manter o nosso modo de vida e estado social.
É nas dificuldades, e muitas vezes quando perdemos o que conquistamos, que nos apercebemos da importância da UE. Veja-se o Reino Unido, que só depois da sua saída, é que compreendeu o erro que cometeu. A pandemia e a guerra na Ucrânia provaram que a UE é a solução. Foi o orçamento da UE que financiou a investigação que nos levou à vacina contra a Covid-19. Também a compra conjunta de vacinas foi essencial e permitiu um tratamento equitativo a todos os cidadãos europeus. A UE endividou-se para financiar os planos de recuperação e resiliência. A invasão injustificada da Rússia à Ucrânia evidenciou – ainda mais – a União que nos caracteriza, quer no apoio militar à, quer na ajuda aos refugiados ucranianos. Os cidadãos europeus confiam mais na UE e melhoraram a sua perceção quanto à sua importância, como prova o recente Eurobarómetro. No entanto, quando 80% dos portugueses reconhecem, num nível acima da média europeia, o impacto positivo da UE nas suas vidas, temos de “estranhar” que sejam dos que menos votam nas eleições europeias. No próximo ano, a data das eleições é o dia 9 de Junho, o que não ajuda à mobilização.
Do Eurobarómetro destaco:
- O interesse nas próximas eleições europeias aumentou 6% face a 2018. A maioria dos inquiridos (56%, mais 2% do que no ano passado) está interessada nas próximas eleições, incluindo 15% (mais 1%) que se dizem muito interessados;
- Relativamente ao apoio da UE à Ucrânia, 84% dos portugueses e 69% dos cidadãos europeus, consideram que esta é a ação que mais os satisfaz;
- 35% dos portugueses consideram que a democracia é um valor a destacar, seguida pela solidariedade entre Estados-Membros e regiões (32%) e a proteção dos direitos humanos (31%);
- A um ano das eleições, mais de metade dos inquiridos demonstrou interesse neste ato eleitoral: 62% dos portugueses inquiridos respondeu que provavelmente votariam se as eleições ocorressem no espaço de uma semana. Estes números são esperançosos quando comparados com os de 2018, em que apenas 58% dos inquiridos demonstraram vontade de se deslocarem às urnas. A nível europeu, a percentagem aumenta para os 67%;
- 80% dos portugueses reconhecem o impacto da UE no seu dia-a-dia (valor que supera a média europeia de 71%) e defendem que o Parlamento Europeu devia tratar como prioridade a luta contra a pobreza e exclusão social (54%), o apoio à economia e criação de emprego (49%) e a saúde pública (45%).
A nível nacional, destaco uma sondagem publicada na última edição do semanário Expresso que demonstra que a grande maioria dos portugueses está insatisfeita com a vida em Portugal. Mas não só. A desconfiança nos partidos, no governo e no parlamento ocupam o pódio: 79% tende a desconfiar dos partidos políticos; 64% tende a desconfiar no governo; e 59% tende a desconfiar do Parlamento. Positivamente, quase no extremo oposto, estão também instituições políticas, mas de proximidade. As Juntas de Freguesia e as Câmaras Municipais colhem a confiança de mais de metade dos inquiridos. No fundo, é o merecido reconhecimento do excelente trabalho desenvolvido pelos nossos autarcas.
A sondagem nacional impressiona pelo enorme grau de insatisfação dos portugueses:
- 91% dos inquiridos está pouco ou nada satisfeito com o nível de impostos sobre o rendimento em Portugal;
- 90% pouco ou nada satisfeito com a distribuição de rendimento e da riqueza;
- 88% pouco ou nada satisfeito com a situação de habitação;
- 87% pouco ou nada satisfeito com o combate à corrupção;
- 79% pouco ou nada satisfeito com a qualidade de vida em geral;
- 76% pouco ou nada satisfeito com a oportunidade de progressão de uma pessoa esforçada.
O Governo tem todas as condições para reduzir esta insatisfação. Não falta dinheiro de fundos europeus e tem uma maioria absoluta. Infelizmente, temos um governo incompetente que desperdiça oportunidades e não trabalha para o sucesso de Portugal e dos portugueses.
Gosto
+A União Europeia vai regular a utilização da inteligência artificial por lei, a primeira abrangente do mundo. A estratégia digital é uma prioridade e uma preocupação pois a evolução é muito rápida e os perigos devem ser todos acautelados e minimizados. A regulamentação europeia pretende garantir melhores condições para o desenvolvimento e a utilização desta tecnologia inovadora. A IA pode trazer muitos benefícios, como melhores cuidados de saúde, transportes mais seguros e mais limpos, fabrico mais eficiente e energia mais barata e mais sustentável. Porém, também tem perigos que temos de minimizar.
+Os meus parabéns pela pró-atividade da Associação Empresarial de Braga que promoverá a qualificação de 580 profissionais para a transição digital nas empresas. Uma necessidade bem real. Num programa financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência, o projeto de formação profissional, “Emprego + Digital”, tem como objetivo promover a requalificação e a inclusão digital, através do desenvolvimento de ações de formação dirigidas às empresas e aos seus colaboradores.
Não-Gosto
-É triste verificar que no distrito de Viana do Castelo e no distrito de Braga, o crescimento das insolvências foi de 41% e 28% respetivamente. Em Portugal, os pedidos de insolvência requeridos por terceiros aumentaram quase 20% só nos primeiros cinco meses deste ano relativamente ao período homólogo de 2022. E os pedidos de insolvência apresentados pelas próprias empresas cresceram quase 3%. Nenhum outro Governo teve ao seu dispor os fundos e instrumentos financeiros que António Costa tem. Não se compreende porque é que o Governo recusa a criação de um instrumento para a capitalização das empresas. Tal é possível, por exemplo, através do programa europeu InvestEU.
– A sondagem que o Expresso publicou recentemente espelhou-nos o desalento dos portugueses e apresentou-nos o retrato de um país profundamente insatisfeito. A narrativa desta maioria absoluta resume-se a propaganda e casos e casinhos que se eternizam e crescem todos os dias. Enquanto isso, desde 2011 a 2021, segundo os dados do Observatório da Emigração, são mais 960 mil os portugueses que procuraram uma vida melhor lá fora, que lhes é negada no seu país. Já alertei muitas vezes para os perigos desta governação socialista que nivela por baixo, que desincentiva a criação de riqueza. Com muita razão, os portugueses reclamam dos impostos, da distribuição de riqueza, da habitação e de um sistema que continua a impedir os mais carentes dos serviços básicos como a saúde!