O eurodeputado José Manuel Fernandes apela a uma luta determinada e urgente contra a burocracia, de forma a potenciar a dinamização económica e a coesão territorial, numa luta que deve envolver o Estado e organismos públicos e descentralizados, assim como associações empresariais e a sociedade em geral.
Intervindo no encerramento do Fórum Pela Nossa Terra ‘Taipas – Capital da Cutelaria’, que decorreu na Vila das Taipas, Guimarães, José Manuel Fernandes sublinhou a necessidade de assegurar condições favoráveis à actividade dos empresários, o que constitui um objectivo ainda mais premente perante a actual crise económica e os níveis de desemprego que afectam gravemente o Norte.
Depois de ouvir as queixas e as denúncias das dificuldades dos empresários, o Eurodeputado salientou que “a redução de burocracia será ainda determinante para ajudar ao aumento do recurso a fundos comunitários, que actualmente regista níveis baixíssimos”. Uma situação que considera urgente também porque já arrancaram os trabalhos do Parlamento Europeu para a definição dos fundos comunitários pós-2013.
“Se Portugal não aproveitar os fundos disponibilizados agora, teremos uma dificuldade enorme em manter a ajuda da União Europeia, porque a conclusão é simples: se não usam este dinheiro, é porque não precisam”, alertou José Manuel Fernandes, eleito para a Comissão Especial do PE sobre as novas perspectivas financeiras da UE e que vai decidir os montantes financeiros para os 27 estados-membros.
O eurodeputado salientou que a União Europeia, nas políticas estratégicas a desenvolver até 2020, aponta como objectivo reduzir até 25% a carga administrativa e legislativa sobre as pequenas e médias empresas, salientando a importâncias destas no desenvolvimento sustentável da economia e na criação de emprego.
A coesão constitui outra das linhas prioritárias. “É inadmissível que um país que precisa da solidariedade da Europa, não pratique solidariedade e não promova a coesão dentro do seu território”, condenou José Manuel Fernandes, lembrando que o Norte é a região mais pobre do País e continua a ver desviadas verbas para regiões como Lisboa e Vale do Tejo, além de que são atribuídas ao Norte verbas que são afinal aplicadas noutras regiões.
Num Fórum que contou com intervenções de responsáveis da CCDRN-N, do IAPMEI, da Associação Industrial do Minho e deputados nacionais, o Eurodeputado recomendou o registo da marca ‘Taipas – Capital da Cutelaria’, valorizando o impacto sócio económico na região por parte deste sector, cuja produção nacional é a maior da Europa.
José Manuel Fernandes salientou ainda o papel decisivo da inovação, aliado à investigação e à educação, para a afirmação da economia e produção nacional no contexto da globalização, aproveitando para desafiar à reforma de conceitos na educação e na formação, para que os cursos tenham em conta a procura e as necessidades de trabalhadores e empresários, e não os interesses de oferta de formadores e escolas.
António Marques, Presidente da Associação Industrial do Minho
Na sessão, o presidente da Associação Industrial do Minho, António Marques, criticou fortemente a instabilidade de políticas e orientações erradas dos sucessivos governos. Uma situação mais gravosa nesta altura, face à imperiosa necessidade de as empresas portuguesas e sobretudo do Minho apostarem fortemente na exportação, porque o país está demasiado endividado, ou seja, sem capacidade para investir. Por outro lado, é uma estratégia que se impõe perante o défice da balança comercial e das contas públicas.
Marília Soares, IAPMEI-Cávado
Nesse âmbito, a coordenadora do Centro de Desenvolvimento Empresarial do IAPMEI no Vale do Cávado, Marília Soares, elencou um conjunto de incentivos para a competitividade, qualificação e internacionalização das empresas, aproveitando para manifestar a disponibilidade de apoio técnico para ultrapassar as reconhecidas dificuldades burocráticas.
Carlos Duarte – CCDR-N
A necessidade de recorrer aos fundos comunitários de apoio foi reforçada pelo executivo da CCDR-N, Carlos Duarte, que entende como fundamental o investimento estratégico no tecido produtivo e no equilíbrio regional de investimentos e desenvolvimento no país, valorizando o impacto do Norte na saúde da economia nacional.
Esta sessão promovida pela Junta da vila das Taipas e pelo Eurodeputado José Manuel Fernandes, iniciou com a explanação da realidade industrial e potencialidades do sector da cutelaria, pela voz do presidente da Associação Comercial e Industrial das Taipas, Marco Ribeiro. Nesta iniciativa, que inclui um período de debate, participaram diversos empresários da região, ligados sobretudo à cutelaria. Contou ainda com a intervenção deputado socialdemocrata Emídio Guerreiro, que, além das erradas políticas e orientações governativas, lamentou as dificuldades de financiamento para projectos empresariais que reforçariam o tecido produtivo.
Em anexo, pode consultar intervenções, na íntegra.