Debate sobre ‘Penosidade no trabalho por turnos’, organizado pela UGT em Vila Nova de Famalicão
O Eurodeputado José Manuel Fernandes lançou hoje o repto para que Portugal assuma como “desígnio nacional” o objetivo de “garantir melhores salários para todos os trabalhadores”, porque isso implicaria “uma estratégia sustentável de desenvolvimento e progresso não só económico, mas sobretudo social e humanista”.
Num debate organizado pela UGT em Vila Nova de Famalicão, subordinado ao tema ‘Penosidade no trabalho por turnos’, José Manuel Fernandes reconheceu que “há muitas indignidades salariais”, mas destacou o papel da União Europeia na promoção de valores à escala global, privilegiando a inclusão e a promoção de competências humanas como fatores fundamentais de desenvolvimento.
“Não podemos ter medo de acarinhar e estimular a iniciativa privada, o empreendedorismo, a competitividade e a produção de valor acrescentado. Só assim, com uma economia forte, assente nas pequenas e médias empresas, podemos triunfar à escala global e garantir, de forma sustentada, melhores salários para todos os portugueses, tanto do setor público como do privado”, defendeu o Eurodeputado.
Lamentando a existência de “salários demasiado baixos, até para trabalhos de elevada competência e exigência técnica”, José Manuel Fernandes reclamou uma postura social e humanista de exigência e ambiciosa, capaz de gerar “melhor qualidade de vida e uma economia forte”. E sobre isso, advertiu que “não podemos confundir produtividade com mais horas de trabalho. Nem é com salários baixos que vamos construir uma economia mais forte à escala global”.
Também “sem medo da globalização”, José Manuel Fernandes assumiu a defesa de uma sociedade aberta, livre, sem fronteiras” e “com respeito pela democracia, pela diversidade, pelo multiculturalismo e, acima de tudo, pela dignidade humana”.
Nesse âmbito, destacou a ambição permanente da União Europeia pela promoção da qualidade de vida dos cidadãos, com forte valorização dos direitos sociais e da valorização das competências humanas, da investigação e da criação de valor acrescentado como fatores de diferenciação e de competitividade à escala global.
“Quem acha que podemos vencer a globalização com fronteiras fechadas, está enganado. Só em conjunto podemos vencer os desafios”, afirmou.
No debate que decorreu na Biblioteca Municipal de Famalicão sobre moderação do diretor do jornal Correio do Minho, Paulo Monteiro, participaram também o especialista em medicina do trabalho Mário Freitas e o sociólogo e professor universitário João Duque e o deputado Nuno Sá. Na sessão intervieram ainda o presidente da UGT-Braga, César Campos, o e o vereador da Câmara famalicense, Augusto Lima.
O trabalho por turnos abrange cerca de 20% dos trabalhadores da Europa. Apesar dos riscos e impactos negativos ao nível profissional, social e também familiar e da saúde dos trabalhadores, foi unânime o reconhecimento da necessidade insuperável da sociedade relativamente a serviços e operações em contínuo ou permanência. Nesse âmbito, importa salvaguardar legislação e regulação que façam valer “os princípios e valores da dignidade humana e da promoção da qualidade de vida para todos”, questão onde a UE se assume como líder mundial.