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Um ano de governo: balanço negativo

Num ano, o governo de António Costa sofreu demasiadas turbulências e fortes baixas: foram já substituídos 13 membros do Governo. Tudo por culpa própria. António Costa tem experiência e habilidade política, acrescidas de uma maioria absoluta que conquistou nas últimas legislativas. A instabilidade não é aceitável num governo experiente, maioritário e com milhares de milhões de fundos europeus disponíveis para investir. Na União Europeia, onde as maiorias absolutas são raras, assiste-se com estupefação e incredulidade à instabilidade do governo socialista.

O Governo está mais preocupado em “arrumar a casa” e resolver os conflitos internos do PS, onde as guerras de sucessão são mais do que evidentes, do que propriamente em governar o país. Mas não há desculpas, o Governo socialista tem todos os meios para modernizar Portugal e conseguir maior competitividade, coesão e, consequentemente, melhores salários para os portugueses. Mas não consegue.

O primeiro problema é de raiz e reside na própria ideologia socialista, que promove o nivelamento por baixo e aumenta a pobreza. O salário médio aproxima-se cada vez mais do mínimo e aqueles que o ganham, menos de 700 euros líquidos por mês, passam a pertencer à classe média. Um verdadeiro absurdo. Menos de um em cada dez portugueses têm um salário superior a 2.000 euros brutos, e são considerados milionários aos olhos do Partido Socialista! Está em curso uma ideologia que promove o empobrecimento generalizado e diaboliza o lucro. O objetivo nacional e o foco do Governo deveria ser aumentar os salários de todos os portugueses. Mas tem medo das palavras “rigor” e “empreendedorismo”. A educação e a saúde são duas áreas onde é bem visível como a ideologia socialista prejudica as famílias com recursos mais baixos. O governo socialista não está interessado na ascensão social dos portugueses e, por isso mesmo, não a favorece. Um Estado que se entende omnipresente e que se imiscui em todos os domínios da vida dos portugueses, cedendo à tentação de aumentar o número de dependentes que  se encontram nas mãos do Estado!

O Governo é incapaz de modernizar Portugal. Tal exige coragem, compromisso e disponibilidade para a mudança. A diminuição da burocracia, o acelerar dos processos de licenciamento e a promoção de uma justiça rápida exigem alterações na administração pública para as quais o Governo não tem demonstrado qualquer vontade. O Governo está exausto e a repetir os “cromos”, rodando entre ministros, secretários de estado, tendo sempre como resultado o falhanço das políticas propostas. Não tem capacidade de atração de novos governantes. Não está a servir para governar Portugal, mas para gerir as crises e ambições internas do Partido Socialista. Existe para sobreviver, em vez de preparar o futuro dos portugueses. É um Governo que olha para o imediato, quando devia olhar para lá do horizonte.

O Governo afastou-se dos portugueses e da realidade. Olham a partir das janelas do Terreiro do Paço e julgam que estão a ver toda a realidade nacional. Em sete anos, não foi preparado um plano para a gestão das águas, para o saneamento básico, para a floresta ou para o tratamento de resíduos. Prova disso é a não aplicação de fundos europeus nestas áreas. Voltaremos a ter incêndios, secas, seguidas de cheias, falta de saneamento básico, e plásticos e bioresíduos a serem depositados em aterros.

A estrutura do Governo não favorece uma fácil articulação entre os ministérios. A Ministra da Presidência tem a pasta do PRR e da política de coesão, através do Portugal 2030; a Ministra da Coesão fica – só -com os programas regionais do Portugal 2030; e o Ministro da Economia e do Mar fica à margem, sem “mandar” em nada, apenas no programa temático do Mar.

E por isso pergunto, como é possível que o Ministro da Economia não tenha qualquer poder de decisão sobre os fundos europeus para a economia? A resposta é simples: porque temos uma estrutura do Governo onde impera o centralismo, o controlo partidário e a marca ideológica acima do interesse nacional. O centralismo, o controlo partidário e a marca ideológica socialista existem na própria estrutura do Governo. O governo abomina as empresas, não promove a riqueza e não tem interesse em fazê-lo. Vive numa cegueira ideológica.

Apesar de todo este desvario do Governo, registam-se resultados positivos neste ano de governação. Felizmente temos empresas e empresários resilientes e competentes. O turismo tem sido um importante motor da economia, houve um importante crescimento das exportações e a taxa de desemprego está baixa. Registo como positivo o acordo de concertação social para os rendimentos e a competitividade.

O crescimento do PIB de 6.7% em 2022 é, aparentemente, muito positivo. Na verdade, este crescimento acima da média é justificado pelo facto de, em 2021, tal como em 2020, o nosso crescimento ter sido medíocre, muito abaixo da média europeia. Agora, começamos a recuperar, o que é positivo.

É evidente que temos empresários capazes, instituições fortes e de grande competência, um excelente clima, um património valioso. Merecíamos um Governo competente!

Gosto

+ Parabéns ao empresário Fernando Torres que foi condecorado pelo Presidente da República com a medalha equivalente ao terceiro grau da Ordem do Mérito. É uma justa e merecida homenagem a Fernando Torres – presidente do Conselho de Administração da Torrestir – que tem agora o título de comendador. O mérito, a resiliência e a competência devem ser reconhecidos. A Torrestir, fundado em 1962, emprega mais de 2.000 pessoas e conta com uma frota de 1.600 camiões. Tem 16 plataformas logísticas e a quantidade de quilómetros efetuados pelos camiões totalizam mais de 850 voltas ao mundo. Temos de reconhecer, apoiar e valorizar os empresários que são resilientes, se modernizam e criam mais valias.

+ A Cim Douro obteve a distinção “Douro Cidade Europeia do Vinho”, atribuída pela ???? ???????? ??? ??????? ?? ???ℎ?. O objetivo é promover o vinho e os seus respetivos produtores nos países associados, assim como no território europeu e mundial. A união e a qualidade do trabalho realizado – por todos os agentes de desenvolvimento do território- estão a dar excelentes resultados. A força das raízes, a inovação, a investigação, a sustentabilidade, a beleza ímpar do território estão a ser muitíssimo bem conjugadas. Estas sinergias reforçam a atratividade do território e a qualidade de vida da sua população. Esta distinção é – em simultâneo – uma homenagem a todos os que contribuíram para despoletar do potencial do Douro.

 

Não-Gosto

– O Governo está a estudar a possibilidade de colocar os fundos do PRR na banca para obter juros. Esta atitude passa a mensagem que não precisamos dos fundos ou que são excessivos e não somos capazes de os executar. Não somos ricos. O que o governo deveria estar a fazer era estudar formas de fazer chegar rapidamente os fundos às famílias e às empresas. É imoral o governo procurar se financiar a si próprio retardando a chegada do dinheiro à economia. Não admira que a gente que a execução do PRR seja má.

– A vida e a dignidade humana são valores inalienáveis e invioláveis. É inaceitável, deplorável à agressão racista e cobarde, em Olhão, a um imigrante nepalês. Os portugueses sabem bem o que é emigrar e por isso têm a obrigação de acolher – o melhor possível – quem nos escolhe à procura de uma vida melhor. Temos de rejeitar o discurso do ódio e racista que vai crescendo. Igualmente dramática é a situação em que se encontram muitos imigrantes no nosso país que vivem em condições miseráveis. Recentemente um incêndio expôs e confrontou-nos com esta realidade. Dois imigrantes morreram nesse incêndio. Há que prevenir.