A Comissão Europeia publicou recentemente um relatório sobre a política de coesão na UE. Esse documento permite-nos chegar a três factos incontornáveis: a economia de Portugal estagnou; estamos excessivamente dependentes dos fundos europeus; é urgente aprender com os erros que temos cometido para utilizar bem os enormes recursos financeiros disponíveis através do Portugal 2030 e do Plano de Recuperação e Resiliência.
A nossa economia estagnou. Ao longo dos últimos 20 anos, todas as regiões de Portugal apresentaram um crescimento do PIB per capita inferior à média da União Europeia. Nenhuma região teve um crescimento superior a 1,21% relativamente ao ano anterior. Nem todos os Estados-Membros partilharam o nosso fado: na Irlanda, por exemplo, grande parte do território cresceu mais de 4%, sendo que nenhuma cresceu menos que 1,2%. Mais relevante ainda: a leste estão a crescer o dobro comparativamente às regiões portuguesas. Não podemos continuar a crescer abaixo da média da União Europeia. Face à posição em que nos encontramos, para convergirmos temos de crescer acima da média europeia. Temos de inverter esta situação. Temos de criar mais riqueza. Estamos a ficar cada vez mais para trás, cada vez mais na cauda da UE.
Estamos excessivamente dependentes do orçamento da União Europeia. O relatório indica que Portugal é o país da UE que mais depende dos fundos comunitários para realizar investimento público. Cerca de 90% desse investimento é financiado através do orçamento europeu. O nosso Orçamento do Estado quase só cobre as despesas correntes e de funcionamento. Então e o investimento? Esta dependência é muito preocupante. Temos de ser capazes de criar os recursos necessários para promovermos o investimento público em Portugal. Os outros Estados-membros conseguem! A Croácia, que estava ao nosso nível, já nos ultrapassou e já não é tão dependente dos fundos da UE. A situação de Portugal é muito má. A Croácia entrou na UE em 2013 e já é menos dependente do que nós.
Teremos mais esta oportunidade para mudar a nossa direção, com os fundos que teremos disponíveis até 2029. Deverão ser bem executados o que exige planeamento. Infelizmente, neste momento, o acordo de parceria denominado Portugal 2030 ainda não está aprovado! A Grécia já tem o seu acordo aprovado. Já perdemos mais de um ano.
Teremos de utilizar os fundos para promover a Competitividade, a Coesão e a Sustentabilidade de Portugal. Estes deviam ser os objetivos a atingir. Não basta convergir. A coesão territorial, económica e social é essencial. Aliás, recebemos muito dinheiro porque temos regiões pobres e esses fundos devem ser -prioritariamente- para elas canalizado. Os fundos da política de coesão têm como principal objetivo a redução das disparidades regionais. Se os fundos continuarem a ser desviados para as regiões mais ricas, estamos a inverter o objectivo dos mesmos, ao criar ainda mais assimetrias.
Não nos faltarão recursos para chegar à economia, a todos os territórios. Espero que o governo não centralize, nem corte os programas operacionais regionais. A experiência demonstra que a tentação centralista do governo socialista é uma constante. É necessário envolver os beneficiários de cada território na arquitetura do Portugal 2030. É imperioso simplificar e reduzir a burocracia. O Governo deveria ainda fazer uma gestão transparente do Portugal 2030 e do PRR. A tipologia, montantes e localização dos projetos, assim como os beneficiários finais dos fundos, deveriam ser do conhecimento público.
O relatório publicado pela Comissão Europeia é bem explicativo do caminho que devemos seguir. O documento considera que uma região “sofre uma armadilha de desenvolvimento se o seu crescimento tiver abrandado e for inferior ao crescimento a nível europeu.” É óbvio que Portugal caiu nesta armadilha.
O mesmo relatório comprova que a política de coesão tem ajudado a reduzir as disparidades territoriais e sociais entre as regiões, mas subsistem desafios estruturais importantes. Portugal deve impulsionar a educação e a formação; aumentar os investimentos em investigação e inovação; melhorar a qualidade das suas instituições e, insisto, simplificar e reduzir a burocracia. O crescimento a longo prazo exige um Portugal moderno, inovador e empreendedor.
O desafio da transição climática já deveria ter dado origem a um plano nacional para a transição justa. Os objetivos ambiciosos a que nos comprometemos para a redução de emissões de carbono exigem ações graduais que não aumentem as disparidades regionais nem aumentem as desigualdades entre os portugueses.
Não falta dinheiro, mas temos de o gerir bem. O Governo de Portugal deveria tudo fazer para que os fundos acrescentassem valor. Precisamos de aumentar os salários dos portugueses e tal implica que se obtenha uma economia forte. Os portugueses merecem um Portugal competitivo, coeso e sustentável.
Gosto
+Cidades do Futuro: Porto sobe ao pódio, Braga e Lisboa ocupam 5º posição. Porto conquista o terceiro lugar das cidades europeias do futuro no ranking de distinções do Financial Times. Braga está em 5º lugar na categoria de captação de investimento externo, na categoria ‘Best and Brightest among Europe Investmentes Destination’. Esta é a segunda vez que Braga figura na lista da fDi Intelligence, onde alcançou no biénio 2020/2021 o sétimo lugar, aproximando-se assim da terceira posição, ocupada ex aequo por Plovdiv, Bulgária, e Middlesbrough, Reino Unido.
+48 anos de Universidade do Minho. A UM está de parabéns pelo seu percurso e por todo o trabalho que faz em prol da nossa comunidade, nacional e internacionalmente. É inegável o papel desempenhado na sociedade pelos docentes, investigadores e alunos que levam mais longe o Saber e os feitos realizados no e pelo Minho. Ficamos muito felizes também pela celebração ter sido realizada pela primeira vez no renovado Teatro Jordão.
Não-Gosto
– Desemprego registado em Portugal volta a subir em janeiro. Há 355 mil inscritos nos centros de emprego. No arranque de 2022, o número de desempregados inscritos nos serviços públicos de emprego do país voltou a aumentar, à semelhança do que já tinha acontecido em dezembro de 2021. Os dados esta segunda-feira divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), na habitual síntese estatística mensal do mercado de trabalho, contabilizam 355.868 desempregados inscritos nos centros de emprego em janeiro, número que traduz um aumento de 2,3% em cadeia, ou seja, face a dezembro, mas ainda assim uma redução de 16,1% face ao mesmo mês do ano passado.
-Mais de um terço dos professores dizem não ter formação para usar tecnologia durante aulas. As conclusões são de um estudo elaborado por dois investigadores da Universidade do Minho (UMinho) e publicado pelo jornal “Público”. Apesar da falta de formação, o mesmo estudo revela que a maioria (86%) dos 2580 inquiridos considera que o uso do digital é uma prioridade.