Há vacinas para a Covid-19: o que previsivelmente demoraria vários anos foi conseguido em 10 meses. Fica evidente a importância da investigação científica.
Mas reclamamos – e bem – sobre o atraso na produção e o não cumprimento de contratos por parte das farmacêuticas. Na verdade, se não fosse a Comissão Europeia a avançar para a compra das vacinas, estaríamos a assistir neste momento a uma “guerra” entre os Estados-Membros, a uma escalada de preços e a países como Portugal só terem acesso à vacina quando países como a Alemanha e a França tivessem a população toda vacinada. Vale a pena partilhar, atuar em conjunto, estar na UE.
A Saúde é uma competência nacional. Para que 27 Estados-Membros se coloquem de acordo é preciso tempo. As vacinas têm de ser seguras, sendo necessário um exigente processo de avaliação. A Agência Europeia para o Medicamento tem essa responsabilidade e é uma mais valia europeia que nos traz segurança e eficiência.
Em Portugal, o “plano” de vacinação não foi um plano. Bastaria ter seguido as recomendações da Comissão Europeia. Inicialmente, os idosos não constavam desse “plano”. Quando a redação das regras é feita para se interpretar como der jeito, haverá sempre lugar a oportunismos inaceitáveis. O governo de António Costa tem navegado à vista. Aproveita-se da impunidade de que continua a beneficiar. As declarações e a arrogância da ministra da Saúde são inaceitáveis numa democracia. O cúmulo é afirmar que “é criminoso dizer que não houve planeamento” no seu ministério. Na gestão da pandemia, a ideologia de quase extrema esquerda comanda a ação da ministra. Deveriam ter utilizado a capacidade do setor privado e social, mas por teimosia não o quiseram fazer. O Serviço Nacional de Saúde é insubstituível, mas tem limites. Sem os privados e o setor social, o SNS colapsa e não tem capacidade para responder a todas as responsabilidades e solicitações a que está obrigado na defesa e promoção da saúde de todos os portugueses.
A ‘cegueira’ ideológica leva à alimentação de estereótipos que prejudicam, sobremaneira e em primeiro lugar, os mais frágeis e desfavorecidos, com maior dificuldade económica, sem capacidade de acesso a alternativas ao SNS.
A intervenção da UE tem contribuído de forma determinante para amenizar as carências e as dificuldades face aos impactos da pandemia, seja no campo social e económico ou na saúde. É na União Europeia que reside grande esperança dos cidadãos para uma recuperação célere e sustentada.
Só uma resposta conjunta e coordenada poderá garantir uma resposta eficaz. Nenhum Estado-Membro pode, sozinho, superar o problema Covid-19.
É fundamental que a UE assuma também regras claras e comuns na gestão das fronteiras externas face a novas ameaças de contaminação, sobretudo perante as mutações agressivas do coronavírus.
A proposta para um certificado de vacinação europeu é uma potencial solução para salvaguardar o direito à circulação na UE. Mas a sua aplicação deve ser adequada, proporcional e justa. Não deve criar discriminações entre cidadãos – e isso pressupõe que todos tenham acesso à vacinação. Ainda que o certificado entre em vigor antes do Verão, deve abranger todos os cidadãos, logo que sejam vacinados. E deve garantir que todos os que não tenham o certificado continuem a ter acesso a bens, serviços e liberdades fundamentais.
É preciso preparar o futuro. Ao mesmo tempo que adaptamos as liberdades de circulação ao combate à pandemia, temos de criar iniciativas e mecanismos para estimular a economia portuguesa. Refiro-me, em particular, ao setor dos serviços: ao turismo e à hotelaria, que tanto têm sofrido.
Há países europeus que estão a avançar com este certificado, até para acesso a bens e serviços. E Portugal? Então o primeiro-ministro António Costa não era o líder do Clube dos Países do Sul? Mas foi a Grécia a liderar o Club Med na proposta do “passaporte”. Então não era o líder dos socialistas? Mas a Dinamarca e a Suécia já estão adiantadas no enquadramento legal deste certificado e, em Portugal, o governo nem sequer lançou o debate.
O PPE – grupo que integro no Parlamento Europeu – defende um investimento adicional de 10 mil milhões de euros para identificar e estabelecer sinergias que permitam o reforço da capacidade europeia ao nível da produção e distribuição de vacinas.
A UE só tem avançado – devagarinho – com base nas crises e no medo. É assim desde a sua génese. Tem de ser mais proativa, em vez de reativa. Temos de avançar mais nos investimentos estratégicos e críticos, nomeadamente nas competências europeias relativas à saúde e proteção civil. Não é aceitável estarmos, a nível europeu, dependentes de terceiros na produção de medicamentos, vacinas e equipamentos médicos.
O reforço do investimento europeu na investigação é essencial. Temos de conseguir medicamentos eficazes no tratamento da Covid-19.
Simultaneamente, não podemos entrincheirarmo-nos dentro da UE, face a esta ameaça global. Temos de ajudar os países mais pobres, nomeadamente África. Se não quisermos ser solidários, então sejamos ‘egoístas’: é que só nos livramos do vírus se for erradicado à escala global. Recordemos a varíola: só foi erradicada depois de um esforço global de 10 anos! Não há fronteiras para a Covid-19.
Todos juntos, com uma atuação solidária vamos vencer.
Gosto
+ O presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, integra a lista final para o prémio World Mayor 2021, promovido pela The City Mayors Foundation. Dos 32 finalistas de 21 países faz também parte o autarca Carlos Carreiras, de Cascais. São distinguidos pelo trabalho e pelas medidas promovidas face à pandemia Covid-19. É mais um reconhecimento do trabalho que continua a ser assumido pelos autarcas portugueses para atenuar o impacto desta crise pandémica.
+ Perante às dificuldades de resposta dos serviços de saúde para atender às elevadas necessidades de internamento e cuidados intensivos para pessoas infetadas por Covid-19, as autoridades portuguesas receberam ofertas de ajuda de vários países, nomeadamente de Alemanha, Áustria e também da Galiza. Uma demonstração da “solidariedade de facto” entre europeus e que vem reiterar as vantagens de estarmos integrados na UE, num contexto de paz e cooperação permanente.
Não-Gosto
– O plano de vacinação foi mais uma trapalhada para mal dos portugueses, em resultado de mais uma demonstração de laxismo e incompetência do governo socialista. As comunicações e regras pouco claras enviadas às equipas operacionais e instituições, deixando ao arbítrio da interpretação de cada um os critérios a aplicar, só podiam gerar injustiças e desigualdades inaceitáveis. Para cúmulo, a ministra da Saúde rotulou de “criminoso” denunciar a falta de planeamento no seu ministério.
– A comissária Elisa Ferreira propõe que a Reserva de Ajustamento ao Brexit para o setor das pescas atribua a Portugal a quantia de apenas 3 euros – do valor total de 600 milhões de euros previstos para compensar as regiões afetadas pela saída do Reino Unido da UE. Parece mentira!