Artigo de Opinião

Pela Nossa Terra

É esta diferenciação intensa entre culturas e povos, ambientes naturais e características geográficas, realidades sociais, económicas e até usos e costumes, que nos pode tornar mais fortes e capazes de encontrar caminhos e soluções para continuar a afirmar o papel liderante da União Europeia no mundo, como um espaço de liberdade, multicultural e tolerante, com fortes direitos sociais, uma legislação avançada em termos ambientais e uma inquestionável defesa da dignidade humana e dos direitos humanos, com resultados efectivos na qualidade de vida das nossas populações.

Na UE, somos 500 milhões de habitantes, o que corresponde a apenas 7% da população mundial, mas produzimos 20% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e temos acesso a 50% das despesas sociais de todo o mundo. É neste contexto global que temos de tomar consciência das nossas potencialidades e dos nossos recursos, por forma a garantir as melhores estratégias e actuar.

É com esse objectivo que tenho procurado contribuir e ajudar, concretizando o meu compromisso de proximidade com o Minho enquanto deputado ao Parlamento Europeu, em que se enquadra igualmente a nova edição da publicação ‘Pela Nossa Terra – Minho 2015’.

A par dos recursos que os fundos europeus representam para o reforço das nossas capacidades em podermos criar mais-valias para a afirmação da nossa região no contexto global, considero fundamental perceber quem somos e como estamos, até porque a nossa identidade é também um elemento, não só diferenciador, mas sobretudo catalisador e impulsionador das nossas potencialidades no mundo cada vez mais competitivo em que vivemos.

Desde sempre, tenho assumidamente defendido a coesão territorial como um factor decisivo para o desenvolvimento. Isso mesmo sublinhou o Prof. Carlos Bernardo na apresentação pública da minha publicação no passado sábado, realçando a conclusão de que “devemos ser competitivos à escala global, mas sem esquecer a nossa terra e as raízes que a ela nos prendem”.

O Minho, aquela que é uma das regiões com maior diversidade concentrada do mundo, dispõe de excelentes recursos humanos, como são os nossos empresários e os nossos autarcas, e instituições de excelência em diferentes áreas, seja social, na educação, na formação ou na investigação.

Neste trabalho de desenvolvimento das nossas terras, considero fundamental mobilizar instituições públicas e privadas, desde autarquias, escolas e universidades, a associações, sindicatos e empresas, porque só com o envolvimento e o contributo de todos podemos superar as dificuldades e os desafios, ajudando a um crescimento inteligente, sustentado e inclusivo de todo o território de Portugal e indo ao encontro da Estratégia Europa 2020.

Na nova edição do “Pela Nossa Terra – Minho 2015” saliento essa condição e, por isso, faço questão de caracterizar e identificar as instituições europeias e a UE, assim como cada uma das nossas freguesias. E invoco não apenas os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão, os seus comissários e os líderes dos Estados-Membros, mas também todos os nossos autarcas, incluindo os presidentes de Junta.

Os nossos autarcas assumem diariamente o papel de grandes obreiros, não só da luta contra as desigualdades, mas sobretudo da construção da maior coesão social e territorial, com uma acção de solidariedade concreta e decisiva, tornando-se simultaneamente líderes na elaboração e execução de estratégias de desenvolvimento local.

Beneficiamos ainda da presença e do trabalho de centros tecnológicos e de investigação e instituições de ensino superior de excelência, que têm conquistado vários prémios mundiais e assumem um papel cada vez activo e impulsionador no processo de desenvolvimento, não só da nossa sociedade, mas também da nossa economia. No Minho, usufruímos hoje de investigação do melhor que há no mundo, nomeadamente ao nível da nanotecnologia e materiais inteligentes, o que, aliado à nossa forte tradição industrial e empresas de excelência – que inclusivamente hoje se afirmam em muitos sectores como pioneiras e líderes mundiais -, nos pode tornar numa referência na concretização da Estratégia Europa 2020.

Como refere o nosso comissário europeu Carlos Moedas – no prefácio do “Pela Nossa Terra – Minho 2015” -, «a região do Minho representa cada vez mais essa simbiose do mundo académico com uma comunidade de empresas dinâmicas e inovadoras. Tal é essencial para criar valor económico para a região e criar postos de trabalho altamente qualificados».

Paralelamente, soubemos introduzir investigação e inovação às nossas tradições, potenciando as suas mais-valias na economia global, com efeitos práticos na dinamização sócio-económica dos nossos meios rurais.

Uma referência ainda para dois sectores estratégicos de grande potencial na nossa região pelas suas características diferenciadoras, como são a agricultura (com um papel de grande importância no reequilíbrio da nossa balança comercial e com uma forte capacidade de inovação e rejuvenescimento) e o turismo (sobretudo por força da excelente gastronomia e do património religioso, cultural e arquitectónico ímpar do nosso Minho).

Obviamente que muito trabalho há pela frente, pois todos temos de ter consciência que os desafios, assim como as dificuldades, evoluem e crescem permanentemente. Ainda temos muito para continuar a crescer, incluindo ao nível do emprego (porque as taxas de desemprego ainda são altas, apesar da consolidada tendência de descida) e da formação (onde as taxas de analfabetismo e de abandono escolar ainda são elevadas e as taxas de formação superior baixas, quando nos comparamos com outras potências, como EUA e Japão).

Mas temos também de ter consciência do quadro de grandes potencialidades de que dispõe a nossa região, e que todos somos necessários como actores e incentivadores de convergências e partilha para garantirmos a consolidação desta nova fase de crescimento e criação de emprego.

Somos todos importantes e imprescindíveis para a construção do desenvolvimento que queremos mais inteligente e sustentável, aliado a um crescimento inclusivo e capaz de garantir a paz, a liberdade e a defesa intransigente da dignidade humana.

Gosto

• “Namorar Portugal” é uma marca alicerçada nos motivos dos lenços de namorados que tem dado origem anualmente à criação de diversos produtos. Há várias empresas e empregos com a chancela desta iniciativa. É a prova de que o empreendedorismo, a inovação e a investigação podem inspirar-se nas nossas raízes e tradições. Parabéns à Câmara de Vila Verde e à cooperativa Aliança Artesanal.

Não-Gosto

• Podemos estar à beira de uma nova guerra de consequências imprevisíveis. A escalada de violência e morte na Ucrânia não pára, mesmo quando se anuncia nova ronda de negociações e cessar-fogo. Os esforços europeus de mediação para a paz têm esbarrado com o inusitado cinismo da Rússia.