O envelhecimento é um dos maiores desafios políticos que se coloca à UE e, de forma particular, a Portugal. Este desafio associado ao alarmante desemprego jovem obriga-nos a reflectir e actuar no sentido de promovermos a solidariedade entre gerações.
Na União Europeia, a média de idades da população foi subindo de forma cada vez mais acentuada ao longo dos últimos anos. Um fenómeno comum a todos os estados-membros da UE, onde a média de idades da população atinge praticamente os 41 anos (40,9 anos). A média da idade dos Portugueses, em 1960, era de 27,8 anos, ultrapassando hoje os 40,7 anos.
De acordo com dados relativos às projecções do índice de envelhecimento divulgados pelo Eurostat, de um conjunto de 29 países europeus, Portugal deverá ser o sétimo país mais envelhecido em 2030, com cerca de 175 idosos por 100 jovens. Esta lista é encabeçada pela Alemanha (218 idosos por 100 jovens) enquanto a Irlanda ocupa a última posição (85 idosos por 100 jovens).
O Norte, segundo os dados do INE e do Eurostat, será a região do país que deverá observar, entre 2010 e 2030, o maior aumento do índice de envelhecimento entre as regiões portuguesas.
É muito positivo o facto dos cidadãos da União Europeia viverem hoje mais tempo e com mais saúde do que nunca. Mas, com demasiada frequência, tanto as pessoas como as sociedades encaram o envelhecimento como uma ameaça. A longevidade abre novas oportunidades, nomeadamente no que toca à partilha de experiências, actividade profissional e intervenção social. São também novos desafios que se impõem, como o emprego, a protecção social, a educação e formação, saúde e serviços sociais, alojamento e infra-estruturas públicas.
A força da juventude tem de ser conjugada com a força da experiência. Tal é válido para as empresas ou administração pública, onde se deve tirar partido do ditado: “se o novo soubesse e se o velho pudesse, não haveria nada que não se fizesse’.
Considerando que:
-Na UE a taxa de desemprego jovem é o dobro da do desemprego geral. (Segundo o INE, em Portugal, relativamente ao segundo trimestre deste ano, o desemprego atingiu os 35,5% dos jovens com 15 a 24 anos de idade, quando o desemprego geral se situou nos 15% da população);
– No futuro teremos menos população activa a trabalhar e a descontar para mais população inactiva.
– Em termos eleitorais a população idosa e reformada aumentará o seu peso;
– Os jovens têm de ter oportunidades e os mais velhos têm direito e merecem a sua reforma de forma a viverem com qualidade de vida.
Teremos uma guerra entre gerações?
Considero que não, até porque essa seria uma guerra dos jovens contra si mesmos. O Tempo a todos se encarregará de tornar velhos.
Há quem considere que os jovens podem ter a tendência de empurrar os activos para a reforma, para assim ocuparem esse espaço, sendo que, a partir do momento dessa ocupação, quererão evitar a entrada dos novos jovens. Não concordo. Repare-se nas recentes manifestações de descontentamento com a presença das várias gerações. Dir-se-á que tal aconteceu pelo facto de todos serem atingidos. Eu acrescento: os avós sofrem com o desemprego dos netos e os pais com o desemprego dos filhos.
Somos levados à Mitologia Grega e ao conflito entre Uranos e os seus filhos, nomeadamente o mais jovem Cronos e o filho deste, Zeus. Cronos tirou do poder Uranos, seu pai, até ser derrubado pelo seu filho, Zeus. Conclusão: o conflito entre gerações acaba mal.
Não é por acaso que temos vários ditados populares sobre este conflito de gerações:
‘Filho que os pais amargura, jamais conte com ventura’;
‘Filho és, pai serás; conforme fizeres, assim acharás’
Não podemos ficar indiferentes às situações de isolamento e abandono dos idosos, ao ponto de muitos deles serem encontrados mortos passados dias ou semanas… E depois da morte aparecem os herdeiros a reclamar a herança! Não deixa ainda de ser curioso que alguns que abandonaram os familiares idosos agora os procurem pelo interesse na reforma… Felizmente, estes casos são a excepção, porque a regra é a família estar presente e solidária.
As redes sociais formadas pelas autarquias, IPSS, forças de segurança podem (devem) partilhar esforços para minimizarem estas situações. A promoção do voluntariado é importante. Mas a primeira e grande responsabilidade é da família. Os valores da família são fundamentais e cruciais em momentos de dificuldades como os actuais.
A UE, os estados membros, as autarquias, as instituições de solidariedade social, as associações de jovens, as escolas, têm de actuar de forma a que a solidariedade entre gerações seja uma realidade.
A promoção da equidade e solidariedade inter-geracional, valor fundamental, terá de ser trabalhada numa articulação entre sistemas de pensões, orçamento, endividamento, cuidados de saúde e reabilitação, promoção da natalidade e defesa da família e políticas contra a discriminação. Esta estratégia deve ser concretizada implementando um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo de acordo com a estratégia UE 2020.
Gosto
• As exportações atingiram o maior nível da nossa história chegando aos 38% do PIB, o que tem contribuído para diminuir o nosso défice externo. As empresas do Minho, nomeadamente da área do têxtil e calçado têm ajudado.