O Eurodeputado José Manuel Fernandes aponta o aproveitamento das enormes potencialidades dos recursos naturais disponíveis em Portugal, e de modo particular na região do Minho e do interior nortenho, como estratégia privilegiada para impulsionar o crescimento económico e a promoção do emprego, favorecendo simultaneamente a coesão territorial e a sustentabilidade ambiental.
Em visita às Minas da Borralha, onde decorrem prospeções para exploração de volfrâmio e projetos para a rentabilização turística e de produção energética, José Manuel Fernandes sublinhou ainda o grande impacto do bom aproveitamento dos recursos naturais no contexto da União Europeia e da economia mundial.
“Finalmente, Portugal voltou a olhar para as suas riquezas e recursos naturais” como “recursos que temos de aproveitar para criarmos riqueza e emprego, aumentarmos o PIB nacional e reforçarmos a nossa competitividade”, afirmou o eurodeputado no final da visita às Minas da Borralha – uma vasta área natural situada em Salto, Montalegre, e que já foi um dos maiores centros económicos do país, com mais de 3 mil trabalhadores envolvidos.
Acompanhado por responsáveis investigadores, geólogos, líderes empresariais e responsáveis das autarquias locais, José Manuel Fernandes salientou os fatores que podem levar a que as Minas da Borralha voltem a assumir um lugar estratégico na economia mundial.
Conforme explicou o eurodeputado, a União Europeia define catorze matérias-primas consideradas ‘críticas’: antimónio, berílio, cobalto, espatoflúor, gálio, germânio, grafite, índio, magnésio, nióbio, metais do grupo da platina, metais de terras raras, tântalo e tungsténio (volfrâmio). Atualmente, a China é principal produtor mundial de volfrâmio. Neste sentido, José Manuel Fernandes sublinha a importância das prospeções que estão neste momento a ser feitas na zona das antigas Minas da Borralha e que se traduzirão “em emprego para a região e aumento do PIB de Portugal e reforço da sua competitividade“.
“Estas matérias primas são cruciais para a indústria europeia, que poderá ser obrigada a suspender a produção na UE se as matérias-primas necessárias não puderem ser importadas ou se forem tão dispendiosas que a competitividade internacional das empresas europeias sofra com isso. alertou o eurodeputado. Em seu entender, “é essencial que a indústria europeia continue a desempenhar um papel de vanguarda no domínio das novas tecnologias e da inovação, pelo que há que assegurar o melhor acesso das empresas às matérias-primas. É que as matérias-primas são uma componente essencial, tanto para os produtos de alta tecnologia como para os de consumo corrente. Todavia, a sua disponibilidade está sujeita a pressões cada vez maiores”.
Terra rica em histórias e experiências de vidas
Na visita às Minas da Borralha, José Manuel Fernandes constatou o estado de “um valioso património, de grande potencialidade, que pode servir novamente como motor de desenvolvimento para toda a região envolvente”, salientando a ligação desta área ao Minho e à sua população rural. Mostrou-se ainda convicto que os próximos fundos comunitários poderão financiar a recuperação do passivo ambiental e das habitações das antigas minas. Defendeu a revitalização e a manutenção do espaço natural associadas à rentabilização turística, de uma área privilegiada para o turismo de natureza, de lazer e desporto
Acompanhado por uma comitiva que integrou o presidente e o vice-presidente da Câmara Municipal, Fernandes Rodrigues e Olrlando Alves, e elementos da Junta da freguesia, nomeadamente o presidente Alberto Fernandes e o secretário Carlos Magalhães, o eurodeputado pôde ainda apreciar as marcas e os registos de uma terra rica em histórias e experiências de vidas muito intensas e variadas, com gentes dedos mais diversos pontos da região e até do país.
As minas da Borralha, desde o início do século XX até aos anos 70, foram um ponto de refúgio para muitos minhotos que optaram por não emigrar. Para além das gentes do Barroso e das terras de Basto, muitas famílias de todo o Minho ali confluíram, desde Famalicão e Guimarães a Esposende, Vila Verde, Póvoa de Lanhoso e Viana do Castelo. São essencialmente famílias originárias destes concelhos que ocuparam e ainda hoje vivem nos bairros construídos pela antiga empresa exploradora das minas.
As minas chegaram a empregar diretamente 1.800 pessoas e a mobilizarem mais de 3 mil pessoas em empregos diretos e trabalhos contratados. As primeiras explorações surgem no final do século XIX, com as primeiras concessões a verificarem-se em 1902-1904, ganhando grande importância no períodos das duas guerras mundiais, por força da corrida ao armamento, e sendo alvo de disputa por várias empresas europeias, tendo os franceses assumido o domínio. Encerraram em 1986.