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Porque é que os extremos crescem?

Todos os ditadores são maus quer sejam de direita ou de esquerda. Nunca alinhei na simpatia, na desculpa dos excessos da extrema esquerda. No Parlamento Europeu, verifico que em mais de 90% das votações a extrema direita e a extrema esquerda votam no mesmo sentido. É sem surpresa que vejo, por exemplo, as posições do apoio do Partido Comunista Portuguesa à Rússia no que diz respeito ao ataque à Ucrânia.

Tenho dificuldade em explicar e encontrar as razões do crescimento dos extremos quer sejam de direita ou de esquerda. Ambos querem destruir a União Europeia. A construção da UE teve como primeiro objetivo a Paz. O sucesso é de tal forma que damos a Paz como absolutamente adquirida no espaço dos 27 Estados-membros. Vivemos em democracia, liberdade, defendemos o Estado de direito e a defesa da dignidade humana. Temos um modelo social avançado e que protege. Somos menos de 6% da população social, temos uma economia que -ainda- é superior à da China e acedemos a cerca de 40% da despesa social de todo o planeta. Não há lugar no mundo onde se viva melhor do que na UE. Temos desafios pela frente que só os venceremos se partilharmos e estivermos unidos. Um dos maiores desafios, e tenho insistido nele, é a natalidade. Estamos entre os mais ricos do mundo, mas somos os mais velhos e uma das razões é a baixa natalidade. No entanto, os cidadãos europeus não têm a percepção das virtudes de pertencer à UE. A resposta da UE à pandemia com a compra das vacinas, e o financiamento dos Estados-membros através de uma dívida comum paga pelo orçamento da UE, foram respostas que funcionaram e ajudaram todos os europeus. Estamos todos ligados. Mas então porque é que muitos cidadãos europeus votam em partidos que querem acabar com a UE quando ela – visivelmente -, no entanto, tem sido a solução, sendo sinónimo de Paz, democracia, desenvolvimento e solidariedade? Como se explica?

Verdadeiramente só valorizamos o que temos, as nossas conquistas, quando as perdemos.

Olhemos para a França que tem um Estado Social fortíssimo. Macron deu um enorme apoio às famílias e empresas no tempo de pandemia, o desemprego diminuiu em França, os salários subiram, os problemas graves de segurança diminuíram. No entanto, na primeira volta das eleições presidenciais a extrema direita e a extrema esquerda tiveram mais de metade dos votos. Nas próximas eleições o risco da extrema direita ganhar é enorme. Marine Le Pen aumentou a votação em cerca de 2.7 milhões de votos. Se tal acontecer é o fim da UE, a vitória dos “Putins”, é uma tragédia para Estados-membros mais frágeis como Portugal.  Todos perdem mas os que mais dependem da solidariedade europeia perdem mais. Macron tem alguma culpa: ao eleger a extrema direita como a sua real oposição destruiu os moderados. Na verdade, os candidatos republicanos e socialistas tiveram em conjunto cerca de 5% dos votos. Esta tentação de se dar palco à extrema direita para depois se colher o fruto de quem a detesta é perigosa. No fundo procura dizer-se que entre dois males se deve escolher o menor. Esta política feita pela negativa, também ensaiada em Portugal por Antonio Costa é má e perigosa. Um dia vai correr mal. Os moderados porque fazem propostas sérias, não berram e não fazem espalhafato dificultam a “venda” das notícias ficando com menos tempo de antena, menos palco na comunicação social.

Mas afinal, porque é que os extremos crescem quando levantam os problemas, mas não trazem soluções?

É fácil culpar-se o sistema atual e dizer-se que há desigualdades. É verdade que os votantes dos extremos mostram através do voto o seu descontentamento. Acham que não têm muito a perder, são altamente influenciados pelas redes socais, consideram-se marginalizados e os perdedores do “sistema”. No entanto, estou convencido que com os mesmos custos de vida atual, se por exemplo em França, cada um dos franceses ganhasse o triplo do que ganha atualmente, esse sentimento de revolta manter-se-ia praticamente inalterado. É que cada votante compara-se com o seu vizinho, o seu concidadão, e não com os cidadãos de outro Estado-membro e muito menos com os que não pertencem à UE. Numa democracia, num sistema que valorize o mérito e esforço, haverá sempre quem tenha um salário superior ao do outro. As redes sociais também ajudam a este sentimento de infelicidade relativa. Há a ilusão de que todos vão para destinos de férias luxuosas, os melhores restaurantes, têm os melhores carros, e que são todos são felizes.

Acresce que todos querem o imediato que assim como a mentira, também é acelerado pelas redes sociais. É muito difícil fazerem-se reformas, modernizar-se o estado, esperar-se por resultados que só são visíveis a médio e longo prazo. Não há dúvida que o populismo tem assim terreno fácil para crescer e medrar.

 Os governantes ficam na dúvida: vale a pena fazer o que tem de ser feito para a seguir perder as eleições?

Aqueles que não têm medo de perder eleições -esses- são líderes e não apenas governantes. Infelizmente, neste momento, só vejo governantes.

Gosto

+Pacote para o Ensino Superior’, lançado pela Comissão Europeia. Vai ser uma verdadeira revolução e um grande desafio para universidades e institutos politécnicos. A Comissão Europeia lançou um conjunto de iniciativas integradas no denominado ‘Pacote para o Ensino Superior’ que inclui a Estratégia Europeia para as universidades e uma recomendação para reforçar a cooperação entre as universidades europeias.

 + Portugal e Espanha com ‘luz verde’ para baixar preço do gás. Bruxelas deu luz verde à proposta ibérica para limitar os preços do gás natural usado para a produção de eletricidade. Portugal e Espanha alcançaram um acordo com a Comissão Europeia que consiste na criação de um mecanismo temporário que permite desassociar a formação do preço da eletricidade na Península Ibérica do preço do gás. O mecanismo permite defender os consumidores que estavam expostos ao mercado.

Não-Gosto

–  É o setor público que recebe mais fundos europeus. Não há equilíbrio entre os montantes para o público e o privado, nomeadamente as empresas.  O IEFP é o que mais fundos recebe das verbas europeias, com um total de 1558 milhões de euros de comparticipação em 331 projetos. Ao nível europeu é a 12. ª entidade que mais recebeu. Em Portugal, os 13 maiores beneficiários são todos do sector público.

 – Os problemas e a vergonha para o nosso país no acolhimento de refugiados pela Câmara de Setúbal. É inqualificável o tratamento que esta câmara comunista deu aos refugiados. Quando pensavam ter chegado em segurança a Portugal, são “acolhidos” por amigos do Sr. Putin. Esta situação vergonhosa só está a ser agora analisada porque a Comunicação Social o denunciou. O Governo tem responsabilidades neste triste episódio que a todos nos envergonha e preocupa.