Face à proximidade do término do prazo para votação das 7 Maravilhas da Gestronomia portuguesa, o eurodeputado José Manuel Fernandes lança um apelo a todos os minhotos para que se empenhem na eleição do Pudim Abade de Priscos como a melhor sobremesa, já que se trata da única representação da boa cozinha desta região.
O Pudim Abade de Priscos é um dos finalistas candidatos às Sete Maravilhas da Gastronomia e a votação (que pode ser feita por internet – em www.7maravilhas.sapo.pt/votacao – ou por telemóvel para o número 760 302 721) termina já na próxima quarta-feira, dia 7. Entre as três sobremesas eleitas para escolha final, destaca-se o saboroso pudim, receita criada por um antigo sacerdote natural de Turiz, Vila Verde, e que se notabilizou pelos seus dotes culinários e na condução da paróquia de Priscos, no concelho de Braga.
“Como única representação minhota no concurso gastronómico, o Pudim Abade de Priscos surge como baluarte da boa cozinha do Minho. É um doce especial e bem elucidativo do valor da nossa gastronomia, e das cozinheiras e dos cozinheiros da nossa terra, reconhecidos em todo mundo”, assegura o eurodeputado José Manuel Fernandes, que é o ‘padrinho’ da candidatura do Pudim Abade de Priscos.
O Eurodeputado justifica, assim, que “todos os minhotos devem empenhar-se e mobilizar-se para que seja premiado e reconhecido publicamente um produto genuíno, de qualidade e sabor únicos no Mundo”.
“A famosa receita do antigo Abade de Priscos dá ao pudim um sabor especial que faz as delícias de qualquer gastrónomo e bom apreciador de doçaria tradicional”, destaca ainda José Manuel Fernandes, que promete empenhar-se na promoção e certificação do Pudim Abade de Priscos.
A famosa receita do padre Manoel Joaquim Machado Rebelo – que sobressaiu pelo reconhecimento nacional dos seus dotes culinários entre os séculos XIX e XX – tem hoje uma forte implantação em todo o País e nas ementas dos restaurantes.
O concurso está organizado em sete categorias, onde se incluem as Entradas, Sopa, Marisco, Peixe, Carne e Caça, além da Sobremesa. Cada uma das categorias tem três propostas, totalizando um total de 21 candidatos finalistas, que foram escolhidos de uma longa lista das mais variadas ofertas gastronómicas.
O Pudim Abade Priscos concorre na categoria das sobremesas, tendo como adversários os Pastéis de Tentúgal e o Pastel de Belém.
Pudim para a Europa
A Confraria Gastronómica do Abade assumiu a candidatura do Pudim Abade de Priscos às 7 Maravilhas da Gastronomia, num acto que classificou como sendo “uma obrigação e um dever, em nome da defesa da gastronomia de excelência”.
Os seus responsáveis estão agora apostados na projecção global do Pudim Abade de Priscos. A par dos projectos de vir a criar um museu ou uma casa-museu na localidade bracarense de Priscos e no concelho de Vila Verde, estão previstas iniciativas junto de crianças e jovens, assim como a afirmação deste doce no contexto da União Europeia, contando com o contributo do eurodeputado e padrinho da candidatura, José Manuel Fernandes.
Justificando a aposta no Pudim Abade de Priscos, o presidente da Confraria Gastronómica do Abade, Agostinho Peixoto, salienta que a receita deste doce “é uma das mais importantes da gastronomia nacional, usada praticamente em todo o país”.
“Pensávamos, inicialmente, que seria localizado, essencialmente, no distrito de Braga, mas constatámos que está presente em todo o lado e é leccionado em praticamente todas as escolas profissionais do país. Esta proliferação diz muito da sua importância”, reconhece Agostinho Peixoto.
O gastrónomo sublinha a universalidade deste pudim, cuja receita não tem segredo. “E nós fazemos questão de que assim se mantenha. Queremos um pudim com receita aberta a toda a gente”, assegura.
Por isso, prefere não atribuir “importância desmedida” ao resultado do concurso das 7 Maravilhas da Gastronomia. Independentemente disso, o Pudim Abade de Priscos irá continuar a ter o seu valor. De resto, a nomeação do Pudim como finalista “é já um selo de qualidade”.
Agora, a aposta é levar o Pudim Abade de Priscos ainda mais longe. “Nós e o padrinho da candidatura, o eurodeputado José Manuel Fernandes, queremos levar a receita às instâncias europeias, a fim de a vermos certificada pela UE. Esta certificação também seria um trunfo a vários níveis”, revela Agostinho Peixoto.
Entretanto, vai arrancar já em Setembro a iniciativa ‘Confraria dos Abadinhos’, que se traduz numa série de workshops destinados às crianças. Na primeira edição, que contará com cerca de 20 miúdos, é iniciado o esforço de os levar a contactar, desde pequenos, com a gastronomia, de uma forma divertida e ligeira”.
Os 21 finalistas
Nesta fase final do concurso das 7 Maravilhas da Gastronomia estão 21 propostas gastronómicas, divididas em sete categorias. É de entre este grupo de 21 finalistas que serão eleitas as 7 maravilhas (Entradas, Sopa, Marisco, Peixe, Carne, Caça, e Doces). Em cada categoria, as propostas são:
Entradas: Alheira de Mirandela, Pastel de Bacalhau, Queijo da Serra da Estrela.
Sopa: Açorda à Alentejana, Caldo Verde, Sopa da Pedra.
Marisco: Aleijoas à Bolhão Pato, Arroz de Marisco, Xaquém com Conquilhos.
Peixe: Bacalhau à Gomes de Sá, Polvo Assado no Forno, Sardinha Assada.
Caça: Coelho de Porto Santo à Caçador, Coelho à Caçador, Perdiz de Escabeche.
Carne: Canfana, Leitão à Bairrada, Tripas à Moda do Porto.
Doces: Pastéis de Tentúgal, Pastel de Belém, Pudim Abade de Priscos.
Como votar
A votação nas 7 Maravilhas da Gastronomia pode ser feita das seguintes formas:
Internet – Site Oficial
No site oficial www.7maravilhas.sapo.pt/votacao, cada cibernauta pode votar usando o endereço de email, escolhendo as suas sete maravilhas.
É possível votar via Facebook na página:www.facebook.com/7MGastronomia. Cada utilizador tem direito a votar uma vez e implica a selecção de sete maravilhas.
Chamada
Cada prato tem um número de telefone associado. Para votar no Pudim Abade de Priscos, o número é 760 302 721. O custo de cada chamada é de 60 cêntimos.
SMS
É também possível votar por SMS, bastando enviar mensagem para o número 68933 com a indicação do número correspondente ao prato (no caso do Pudim SAbade de Priscos é o 721). O custo de cada mensagem é de 50 cêntimos.
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A vida do abade cozinheiro
Situam-se no concelho de Vila Verde alguns dos lugares mais importantes na vida do Abade de Priscos, Pe Manoel Joaquim Machado Rebelo. Um desses sítios emblemáticos é, desde logo, a terra onde nasceu e onde está sepultado: o cemitério paroquial de Turiz. Vale também a pena visitar o local onde passou os últimos anos da sua vida e onde acabou por falecer: a Casa do Reguengo, em São Paio de Vila Verde.
O famoso cozinheiro nasceu em Santa Maria de Turiz, no Lugar da Arca, no dia 29 de Março de 1834, filho de Manoel José Machado e de Teresa Angélica Rebelo. Era irmão do Padre Luís Manoel, que foi dono do passal de Cunha, freguesia próxima de Priscos. Além deste mano clérigo, teve mais um irmão chamado Francisco Machado Rebelo.
Em 6 de Maio de 1854, com 20 anos de idade, o jovem Manoel Joaquim entrou para o Seminário de S. Pedro e S. Paulo, em Braga, com a firme convicção de abraçar a carreira eclesiástica.
Mais tarde, o ano de 1861 haveria de ser um período marcante, por duas razões: é ordenado e diz a primeira missa; e nasce, também nesse ano, o futuro Rei D. Luís I, que haveria de cruzar-se com o nosso Abade em circunstâncias bem especiais, nomeadamente ao agraciá-lo com a honra de Capelão Honorário, em 13 de Maio de 1874.
Dada a sua grande longevidade, o Pe Manoel Rebelo foi contemporâneo de cinco reis, uma rainha e de uma série de Arcebispos.
Faleceu aos 96 anos de idade, em 24 de Setembro 1930, na Casa do Reguengo, na freguesia de S. Paio de Vila Verde.
Os seus primeiros biógrafos, atribuem-lhe ainda outras qualidades: director, cenógrafo e figurinista teatral; fotógrafo e percursor da imagem com movimento; costureiro e mestre na arte de bordar. Foi, no entanto, um disputado cozinheiro e confeiteiro, que andava sempre acompanhado de uma “maleta dos temperos”.
Lamentavelmente, nunca chegou a ser encontrado um suposto livro de receitas ao qual aludiram vários contemporâneos, nomeadamente pelo escritor Manuel Boaventura.
Jantar real
O Padre Manoel Joaquim esteve na abadia de Priscos, concelho de Braga, durante quase meio século. Mas a sua fama não vem do seu trabalho como pastor de almas. O Abade de Priscos tornou-se uma figura célebre devido à sua lendária arte de cozinhar. E como mestre de culinária preparou muitos e importantes banquetes, alguns deles em honra da Família Real.
Um desses jantares teve lugar na Póvoa de Varzim, em 3 de Outubro de 1887, no âmbito de uma importante recepção ao Rei D. Luís, por ocasião das cerimónias de inauguração do novo paredão construído no porto de mar.
Segundo José Quitério – “ por travessura ou para demonstrar ao mais alto nível que, quando há arte, tudo é susceptível de se transformar em iguaria, o bom do Abade entreteve-se a triturar demorada e meticulosamente um feixe de palha, para com o qual obteve fino polme que empregou na preparação de massas, caldas, recheios e molhos. O ágape decorreu com o brilhantismo habitual e os convivas honraram copiosamente a excelência dos manjares.
No final, D. Luís, agradado, mandou chamar o Padre Machado Rebelo, felicitou-o e quis saber de que eram feitos determinados pratos de sabor delicioso.
– Era de palha, Real Senhor!
– Palha? Então dá palha ao Rei!?
O Abade baixou a cabeça e com sorriso malicioso esclareceu:
-Perdoai, Real Senhor! Mas… todos comem palha: a questão é saber prepará-la e … pôr-lha diante.”
Pratos atribuídos à criação do Abade de Priscos
– Pudim à Abade de Priscos
– Bife à Abade de Priscos
– Consome de Perdiz à Abade de Priscos
– Bacalhau
– Cabidelas
Receita do Pudim Abade de Priscos
Como principal legado gastronómico deixou-nos o famosíssimo Pudim Abade de Priscos, uma iguaria à base de ovos caseiros, toucinho, limão, canela e vinho do Porto.
Misturam-se 500g de açúcar em meio litro de água, e junta-se casca de limão raspada q.b., canela e o toucinho. (Um fatia de toucinho não excessivamente gorduroso)
Leva-se ao lume e quando estiver em ponto de espadana, passa-se a calda por um passador de rede, vazando para uma tigela onde já se encontram as gemas e o vinho do porto, ligeiramente batidos.
Com o açúcar em caramelo, barra-se a forma onde se vai levar a cozer em banho-maria em forno muito quente. Tem-se o cuidado de só se desenformar quando estiver morno, para não acontecer que este se desmanche.
Ingredientes:
– 500 gr de açúcar
– Meio litro de água
-50 gr de toucinho fresco
– 15 gemas de ovo
– Casca de 1 limão
– 1 pau de canela
– 1 cálice de bom vinho do Porto
– 200 gr de açúcar para confeccionar o caramelo.
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As 7 Maravilhas
As “7 Maravilhas” são um promotor da identidade nacional de Portugal. Após a divulgação e promoção do património histórico e natural do nosso país, as “7 Maravilhas” continuam a explorar os grandes valores e paixões dos portugueses, em que o público participa através do voto.
As “7 Maravilhas da Gastronomia” estão agora a divulgar e promover o património gastronómico nacional, reconhecido e apreciado em todo o mundo pela sua diversidade, pelos sabores únicos e qualidade dos produtos com que os pratos são confeccionados. As artes culinárias constituem um património intangível, testemunho da nossa identidade cultural, e são factor decisivo na escolha de Portugal como destino turístico.
As 7 Maravilhas a eleger vão reflectir todas as componentes da boa mesa portuguesa, associadas a regiões que as representam, e será seguramente um roteiro imperdível.
Anúncio dos vencedores
O grande espectáculo da Declaração Oficial das “7 Maravilhas da Gastronomia” vai ter lugar no próximo dia 10, às 21h00, em Santarém, na Antiga Escola Prática de Cavalaria (junto ao Convento de S.Francisco). Será transmitido directamente pela RTP. Catarina Furtado e José Carlos Malato apresentam as eleitas como “7 Maravilhas da Gastronomia”.
Rui Veloso, Ana Moura, Boss AC, Carminho e Projecto Zeca Sempre vão temperar a noite. Um palco que promete unir a música e a dança em tributo à melhor gastronomia nacional.
Processo de selecção
Para chegar a uma short list de 21 Finalistas, um painel de 21 personalidades notáveis do nosso país, representantes das várias áreas da sociedade, apurou os três pratos mais votados por categoria. A representatividade geográfica é assegurada pela presença no mínimo de uma finalista por região no total das 21 finalistas.
As 21 finalistas foram reveladas a 7 de Maio, data em que se iniciou a votação, que decorre até 7 de Setembro e não podem ser apuradas mais do que duas maravilhas por região