O Eurodeputado José Manuel Fernandes desafiou hoje os jovens assumirem uma postura ambiciosa e empreendedora, devidamente sustentada e capaz de gerar novas forças de desenvolvimento.
Perante mais de uma centena de alunos finalistas do ensino secundário e universitários que participaram no workshop ‘Empreendedorismo – Estratégia Europeia e Apoios Locais’ organizado pela Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, o eurodeputado sublinhou o impacto económico e social gerado com o nascimento de novas ideias de atividade empresarial.
“A inovação em torno de produtos mais tradicionais e típicos de cada região assume uma força de grande valor para a instalação de novas empresas”., frisou José Manuel Fernandes. Nesse âmbito, reforçou que “o Minho possui grandes potencialidades e tem de saber organizar-se em torno de projetos comuns e poder assumir uma postura ambiciosa”.
Jovens: recurso precioso
Conforme explicitou José Manuel Fernandes, “os jovens são um recurso precioso” para Portugal e a Europa superarem os grandes desafios que têm pela frente, como a atual situação de aceleração do envelhecimento da população, escassez de recursos e o problema das alterações climáticas, para além da crise económica.
No entanto, recomendou que “é fundamental que cada um faça o seu trabalho e saiba bem o que quer”, frisando
“Não podemos fundamentar as nossas opções nos apoios ou nos fundos comunitários disponíveis. Há muitos empresários que se endividaram e faliram para ir buscar fundos comunitários. Primeiro temos saber o que queremos e só depois ver que apoios temos. Não pode ser ao contrário: fazer as coisas consoante os apoios”, alertou o eurodeputado.
Vincando a necessidade de promover e aproveitar a capacidade empreendedora das novas gerações mais qualificadas, José Manuel Fernandes defendeu que o empreendedorismo é também “uma questão de postura que deve ser desenvolvida a partir das escolas, o que infelizmente não acontece em Portugal, ao contrário de outros países da UE”.
Números
O eurodeputado citou estudos que apontam que 25” dos jovens na UE são empreendedores”. No entanto, desde 2004, a percentagem de população que prefere uma atividade por conta própria a um emprego assalariado baixou em 23 dos 27 Estados-Membros da UE. Se há três anos o trabalho não assalariado seria a primeira escolha de 45% dos europeus, essa percentagem caiu atualmente para 37%.
Pelo contrário, os EUA e a China registam uma percentagem bastante mais elevada, com 51% e 56% respetivamente. Além disso, as novas empresas crescem mais lentamente na UE do que nos EUA ou nos países emergentes.
Números preocupantes – na ótica do eurodeputado – considerando que as novas empresas, em especial as PME, representam a mais importante fonte de criação de emprego: geram mais de 4 milhões de novos empregos anualmente na Europa.
Em Portugal, as micro-empresas representam 42% do emprego contra 30% da UE. Já a contribuição total do setor das PME para o emprego é maior em Portugal (81%) do que na UE (67%). A percentagem da contribuição das PME para a economia geral (através do valor acrescentado) também é mais elevada em Portugal (67%) do que na UE (58%).
No entanto, há problemas que importa superar urgentemente, por forma a favorecer o desenvolvimento económico e social.
“Os potenciais empresários europeus estão confrontados com um contexto difícil: o ensino não garante bases adequadas a uma carreira empresarial, o acesso ao crédito e aos mercados e a transmissão das empresas são difíceis, existe o receio de sanções punitivas em caso de insucesso e os encargos administrativos são excessivos”, criticou José Manuel Fernandes.
Lamentou ainda que exista “uma cultura generalizada que não reconhece ou não recompensa suficientemente as iniciativas empreendedoras, nem valoriza os empresários de sucesso, enquanto modelos geradores de emprego e rendimento”.
No workshop que decorreu no Theatro Club da Póvoa de Lanhoso, com a participação do presidente da Câmara da Póvoa de Lanhoso, Manuel Batista, marcou ainda presença o presidente do SpinPark, Manuel Mota. No evento, com as intervenções de responsáveis da Sol do Ave e do consórcio MinhoEmpreende, foram expostos programas e apoios locais disponíveis no concelho e na região, caso os jovens pretendam desenvolver e validar a sustentabilidade da sua ideia de negócio. O workshop permitiu ainda a apresentação de boas práticas e exemplos de jovens empreendedores com sucesso no mercado.