Artigo de Opinião, Opinião Recente

Fundos e PRR: não basta gastar

in Jornal Expresso

É incompreensível que o Governo não crie instrumentos para a capitalização das empresas que permitiriam enfrentar a inflação e o aumento das taxas de juro

Não se pode traçar o caminho quando não se sabe o destino. Qual é o desígnio para Portugal? Quais são as metas que queremos atingir no nosso país, por cada região, em termos de competitividade, produtividade, aumento das exportações, educação, combate à pobreza, investigação? Não sabemos, porque não há planeamento, estratégia, e por isso não temos projetos prontos para avançar. Não articulamos o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) com os fundos do Portugal 2030. A desarticulação e a confusão notam-se na própria estrutura do governo: a ministra da Presidência tem a pasta do PRR e da política de coesão através do Portugal 2030, a ministra da coesão – só – fica com os programas regionais do Portugal 2030, e o ministro da economia à margem, sem “mandar” em nada, apenas no programa temático do Mar com cerca de 380 milhões de euros.

A única preocupação que o governo demonstra é a de gastar, sem critério ou visão, nos projetos que a circunstância favorece. O que se exigia ao governo, era que avançasse para a modernização de Portugal, investindo e executando projetos de qualidade que contribuíssem para melhorar a competitividade, a sustentabilidade e coesão do nosso país. Só assim teremos mais crescimento, melhores salários e menos pobreza.

O governo de António Costa adora o PRR: a gestão é centralizada, não requer nenhum esforço nacional porque a taxa de cofinanciamento é de 100%, e as metas e os marcos impostos pelas regras europeias revelam-se uma brincadeira para ser cumpridas. Os mais de 18.2 mil milhões de euros do PRR deveriam ser uma mais valia, adicionar e nunca substituir o orçamento do Estado. Em simultâneo, deveriam contribuir – obrigatoriamente – para a transformação e modernização de Portugal.

O PRR está a substituir – temporariamente – o orçamento do Estado servindo para disfarçar a incapacidade do partido Socialista de criar riqueza. Infelizmente, Portugal é, em toda a União Europeia, o país que mais depende do orçamento da UE para o investimento público. O PRR, os fundos e programas da UE permitem que os governos sejam programadores em vez de meros utilizadores dos fundos. É incompreensível que o Governo não crie instrumentos para a capitalização das empresas que permitiriam enfrentar a inflação e o aumento das taxas de juro.

O governo nunca teve, na sua história, tantos fundos à sua disposição. Os mais de 50 mil milhões de euros são uma tempestade de milhões que representam uma oportunidade que não pode ser perdida.

No Parlamento Europeu, o Partido Popular Europeu tem liderado a negociação da legislação relativa aos fundos e programas europeus. Hoje, em Lisboa, vamos analisar o PRR de Portugal e a respetiva implementação.

Gosto

+O Presépio Vivo de Priscos, em Braga, está de regresso. O maior presépio ao vivo da Europa já está à espera dos visitantes. Foi inaugurado no passado domingo e traz-nos uma importante mensagem. Este ano, a organização quer ajudar figurantes e visitantes a refletir sobre a violência no namoro. A ideia desta temática surgiu do exemplo de São José que diante das dúvidas da gravidez de Maria, não a agride, não a expõe às reações da comunidade com implicações provavelmente trágicas, mas tem a coragem de ser alternativo, dialogando, refletindo e tomado opções por um amor que protege e não agride. Só este ano, em Portugal, já morreram 22 mulheres assassinadas em contexto de violência doméstica. A mais nova tinha 27 anos e a mais velha 74. A ciberviolência está a aumentar entre os jovens. Temos de agir. Não podemos aceitar nem tolerar qualquer tipo de violência de género. A União Europeia criou uma linha de apoio para as mulheres vítimas de violência ligarem para obter aconselhamento e apoio. O número é igual em toda a Europa: 116 016.

+ Poderia ter sido mais ambicioso, mas já é um passo importante o novo acordo na União Europeia sobre as possibilidades de pesca para 2023, no Atlântico e no Mediterrâneo, e até 2024 para as espécies de águas profundas, em águas geridas pelo bloco que traz boas notícias para os nosso pescadores: Portugal teve um aumento em quatro espécies economicamente relevantes, como a pescada!

Não-Gosto

– Como todos os portugueses fiquei triste com a eliminação de Portugal. Perdemos uma enorme oportunidade dado o talento e a qualidade dos nossos jogadores. Portugal podia ter chegado à final e ter sido campeão do Mundo. E não receio de afirmar que o nosso Cristiano Ronaldo também o merecia. Cristiano Ronaldo é um fenómeno da natureza, um exemplo de determinação e superação. À escala global é o português mais conhecido de sempre. Para mim, o melhor jogador do mundo. Merece a nossa gratidão e reconhecimento. Ficará eternamente na galeria dos melhores jogadores de futebol. É imortal. O maior desafio que o CR7 tem é o de saber sair. Não será fácil, mas tem de conseguir. O Cristiano saiu do campo lavado em lágrimas. Percebo bem a sua frustração.

 – Uma vez mais somos atingidos com uma catástrofe provocada pelas alterações climatéricas: as inundações e mau tempo fazem-se sentir um pouco por todo o país e com a capital no epicentro desta tragédia! O combate às alterações climáticas é uma emergência que exige ação imediata e coordenação à escala global. A demora implicará – sempre – mais dificuldades, maiores custos ambientais e sociais. É urgente agir. Os fenómenos extremos serão cada vez mais uma constante. Numa momentos de seca extrema, noutros de chuvas torrenciais. Os fundos europeus devem ser utilizados para prevenir os efeitos negativos decorrentes destes fenómenos.