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É urgente o reforço dos laços entre a europa e a América Latina

Eurodeputado José Manuel Fernandes foi orador no 5ª Cátedra para o Brasil

Decorreu na tarde de ontem a 5ª Cátedra Barão do Rio Branco que reuniu instituições académicas estrangeiras com organizações internacionais, tendo na agenda os temas Transições, Incertezas e Desafios Globais. O eurodeputado José Manuel Fernandes representou o Parlamento Europeu e deixou bem claro na sua intervenção a urgência do reforço dos laços com a América Latina, nomeadamente com o Brasil que representa 50% deste universo, sendo o quinto maior país do mundo.

José Manuel Fernandes, também Presidente da Delegação do Parlamento Europeu para as relações com a República Federal do Brasil (B-BR) e Membro da Delegação para as Relações com o Mercosul (D-MER), alertou para a necessidade do fortalecimento de acordos comerciais com toda a América Latina que partilhe dos valores e ideais europeus. A soberania alimentar que está na agenda da União Europeia deverá passar pela relação com esta importante parte do globo.

Portugal deveria ter um importante papel na aproximação da Europa ao Brasil, mas aquando da Presidência Portuguesa da União Europeia “os nossos governantes ignoraram a sua responsabilidade”. Desde 2007, que o Brasil se tornou um dos 10 parceiros estratégicos da UE no mundo (na América Latina, também o México se encontra nessa situação). As partes definiram uma série de áreas prioritárias de ação: fortalecimento do multilateralismo efetivo, estreita cooperação em desafios globais (como pobreza e desigualdade, questões ambientais, mudanças climáticas, biodiversidade e energia) e cooperação para fazer avançar a integração do Mercosul e chegar a um Acordo de Associação UE-Mercosul. Entre 2007 e 2014, houve sete cimeiras UE-Brasil.  Entre 2014 e hoje, não houve mais nenhuma.

Dos temas em agenda, o eurodeputado apontou as incertezas que os desafios do mundo de hoje nos colocam, sobre a resiliência das democracias frente aos autoritarismos, o regresso da guerra, que na Europa se julgava impensável, os efeitos da inflação e crescimento da pobreza.

Sobre a união das nossas sociedades e como evitar desastres climáticos. “Há uma grande incerteza sobre como responder aos desafios” acrescentou, referindo que urgem três transições: “verde, digital e uma que ninguém fala, maior autonomia e colaboração. Esta última parece contraditória, mas não é: a autonomia atinge-se através de colaboração com quem nos é próximo. Não é egoísmo e individualismo: é definir, sem ingenuidade, com quem se pode contar e quem não é nosso parceiro.  Nestas três transições, a UE e o Brasil devem ter um papel fundamental”, porque, sustenta José Manuel Fernandes “ao contrário de outras potências mundiais, a UE e o Brasil partilham valores comuns: o estado de direito, a democracia, os direitos humanos, as liberdades.  Somos “povos-irmãos” que partilham este chão comum. E devemos aproveitar esse chão para nos aproximarmos, em vez de nos afastarmos. Aliás, num mundo fragmentado e imprevisível como o de hoje, é fundamental fortalecer e cuidar das alianças.  Enquanto europeu, devo dizê-lo pela dimensão e potencial do Brasil. Pela riqueza cultural e social do Brasil. Mas acredito e defendo que também o Brasil poderia beneficiar muito de uma aproximação à União Europeia.  Na Europa, e eu digo isto muitas vezes aos meus colegas do Parlamento Europeu, não nos apercebemos da dimensão e importância do Brasil. Não nos lembramos, por exemplo, que o Brasil tem praticamente o dobro da área da UE. Que representa cerca de metade do território e da população da América Latina.

Que é o quinto maior país do mundo e a nona maior economia do mundo. Que é o 12.º maior parceiro comercial de bens da UE; e um dos nossos parceiros estratégicos. Não nos podemos esquecer disso. Ainda há duas semanas, numa reunião com o Vice-Presidente da Comissão Europeia, falei disto. De como o Brasil em particular e a América do Sul em geral deveriam ser uma prioridade da política externa da UE. Infelizmente não tem sido”.

O que é a Cátedra

Um grande encontro das instituições académicas estrangeiras com as organizações internacionais. É uma ponte que liga o conhecimento teórico à prática. É um fórum anual de discussão sobre as relações económicas e políticas internacionais, que começou no Acre de forma presencial. Com a pandemia do novo Coronavírus, migrou para o online e ganhou o mundo. E hoje, está se tornando um dos principais eventos para discutir os maiores eixos das relações internacionais e para entender a complexidade extraordinária do mundo atual, aprofundando as oportunidades e os desafios da globalização. A Cátedra Barão do Rio Branco é organizada pela U:VERSE. A universidade que liga os pontos e transforma todo o conteúdo em conhecimento.