A saúde dos portugueses está em risco. O Sistema Nacional de Saúde (SNS) está num estado caótico. A responsabilidade é do Governo socialista que, devido única e exclusivamente à sua enorme incompetência, colocou o SNS numa grave situação e de difícil retorno. Não restam dúvidas de que temos um SNS em colapso. O que é difícil de compreender, porque dinheiro não falta ao Governo. Nunca um Executivo teve tantos milhões de fundos europeus e tanto excedente orçamental em virtude da elevada carga fiscal que sobrecarrega os portugueses. Porém, em troca, os portugueses vêm os serviços públicos numa completa rutura, como é exemplo a saúde e educação.
Há um paradoxo- o financiamento destinado à saúde pública aumentou e o serviço piorou. Em 2015 eram gastos cerca de 9 mil milhões de euros com o SNS, hoje são quase 13 mil milhões, o que representa um aumento orçamental de 40%. No entanto, tal aumento não se reflete numa melhoria da qualidade do serviço. Aliás, os resultados são contrários face ao dinheiro desembolsado para a saúde pública. A proposta apresentada do orçamento de Estado para 2024 pretende atribuir ao setor da saúde mais 1206 milhões de euros, o que reflete um aumento de 9,8% relativamente ao orçamento inicial de 2022. Resta saber se este reforço orçamental será bem empregue. Não basta atirar dinheiro para cima do problema, é antes de mais necessário gerir com competência. Além disso, há que motivar e valorizar os excelentes profissionais de saúde que felizmente temos. Os médicos e os enfermeiros perderam cerca de 10% do salário real em dez anos (entre 2011 e 2021). Os médicos deveriam ser aumentados 82% entre 2023 e 2026 e os enfermeiros 63%, para recuperar o diferencial entre os vencimentos dos profissionais de saúde e o salário mínimo. Além disso, de 2011 até 2022, os médicos perderam 18% do poder de compra. Tudo isto leva a que os – notáveis – profissionais de saúde que temos abandonem o SNS, seguindo para setor privado, ou pior, emigrando para outros países. Por exemplo, no caso dos enfermeiros, entre 2020 até ao final de 2022, mais de 3.300 enfermeiros saíram de Portugal. No ano passado, o número de enfermeiros que emigraram subiu para 1.221, mais 308 do que em 2021, ano em que o número foi 913. Também o número de médicos que saem de Portugal tem aumentado. Lamentavelmente, todo o investimento que temos na educação é desperdiçado, uma vez que não conseguimos reter o talento, os profissionais de que tanto necessitamos em Portugal.
Os problemas do SNS têm sido agravados pela governação de António Costa. Os que mais dizem defender o SNS estão a destruí-lo. As promessas não são concretizadas. Em 2016, o Primeiro-ministro António Costa afirmou que todos os portugueses teriam médico de família. Pelo contrário! O número de portugueses sem médico de família aumentou, atingindo, em maio deste ano, 1,7 milhões de portugueses. A situação das listas de espera também se agravou.
A incompetência e a ideologia de esquerda, que não gosta da iniciativa privada nem do setor social da área da saúde, estão a matar o SNS. Foi a “geringonça” que acabou com as parcerias público-privadas (PPP), com o único fundamento nas crenças ideológicas, sem olhar para o facto de estas se terem revelado mais eficientes que a média dos hospitais de gestão pública, com a prestação de serviços de qualidade e com poupança para o orçamento de Estado. Sem as PPP, há piores serviços públicos de saúde e os custos da saúde pública suportados pelos portugueses são mais elevados. As sinergias e coexistência do setor público, privado e social é necessária para os portugueses acederem a bons cuidados de saúde.
A modernização do SNS nunca se poderá fazer contra os médicos. É necessário ouvi-los e envolvê-los. Percebe-se que os médicos se recusem a ultrapassar o limite de 150 horas extraordinárias anuais que o Governo pretende impor. Note-se que, em 2022, o SNS pagou cerca de 108 milhões de euros aos médicos por horas extraordinárias realizadas em serviços de urgência. Só este ano os profissionais do SNS já acumularam mais de 12 milhões de horas extraordinárias. O excesso de horas extraordinárias traduz-se num risco para os médicos e para os utentes. Esta indisponibilidade em trabalhar mais horas extras provocou uma falta de médicos nas escalas, cujo desfecho traduziu-se no encerramento de 9 serviços de urgências. Todavia, teme-se que este número venha a aumentar, podendo chegar a 25 os hospitais com constrangimentos em serviços de urgências cruciais, como cirurgia, pediatria, cardiologia. O hospital de Barcelos é um dos hospitais afetados com o encerramento da urgência de cirurgia durante o todo o mês de outubro e com o funcionamento da especialidade de medicina interna fechado aos fins-de-semana. Para resolver o problema, o Ministro da Saúde colocou a possibilidade de urgências rotativas. Parece uma brincadeira.
Insisto na necessidade de se envolver e valorizar os profissionais de saúde para reanimarmos o SNS. Merecem condições de trabalho adequadas e uma progressão na carreira justa. Por outro lado, há que repensar o modelo de gestão, a planificação de recursos, assim como as sinergias e complementaridades com o setor privado e social. Há que agir rapidamente. É uma urgência.
Gosto
+É uma notícia positiva ver as mulheres assumirem cada vez mais cargos de liderança. Andreia Parente é a nova Comandante da Polícia Municipal de Braga. Além de desejar boa sorte nas novas funções, não posso deixar de assinalar a conquista que representa. As mulheres estão sub-representadas em posições de liderança em vários domínios. Apenas 7,5% dos presidentes dos conselhos de administração e 7,7 % dos diretores executivos de empresas são mulheres. Felizmente, as mentalidades estão a evoluir no que diz respeito à igualdade de género, mas há ainda um longo caminho a percorrer. É fundamental continuar a agir, a alertar e a dar o exemplo.
+Sou defensor das tradições como já o sabem, por isso fico feliz ao saber que a arte de bordar o crivo da freguesia de Barcelos é património nacional. O bordado de crivo é uma arte têxtil com particular expressão no sudeste do concelho de Barcelos e a Direção-Geral do Património Cultural aprovou a sua inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. Gosto das nossas raízes e tradições. Temos de valorizar sempre o nosso enorme património histórico e cultural.
Não-Gosto
–Na passada terça-feira assinalou-se o Dia Mundial da Saúde Mental. As doenças relacionadas com o foro mental aumentam em mais de 30% risco de doença física, segundo o estudo “Contributo Científico da Ordem dos Psicólogos – O Impacto da Saúde Mental na Saúde Física”. O preço desta negligência não recai só sobre o nosso bem-estar físico, também recai na própria economia. Segundo a Ordem dos Psicólogos, as empresas portuguesas, em 2022, perderam cerca de 5,3 mil milhões de euros com a baixa de produtividade causada pelo stress e problemas de saúde mental.
–A A28 continua com portagens. É uma má notícia para a coesão territorial, económica e social. O governo para além de ser centralista é injusto. A A28 não pode continuar a ser portajada, pela razão de que não tem qualquer alternativa. A Estrada Nacional 13 não é de todo uma alternativa, como está comprovado, nem tão pouco a A22.