A necessidade dos cidadãos e das instituições trabalharem para aproveitar as oportunidades disponibilizadas pela União Europeia marcou as cerimónias de inauguração do novo centro de informação Europe Direct sediado no Instituto Politécnico do Cávado e Ave (IPCA), em Barcelos.
Convidado para a cerimónia de inauguração, o eurodeputado José Manuel Fernandes apontou a importância do acesso dos cidadãos à informação disponibilizada pela União Europeia como fundamental para melhorar a utilização dos programas comunitários e o recurso às instituições e organismos europeus, assim como permitir um maior envolvimento das pessoas nos processos de decisão.
“Sem conhecimento, não podemos ter uma atitude pró-ativa e mais agressiva no contexto europeu para mobilizarmos os meios e recursos disponíveis para investimentos estratégicos e que sabemos querer, limitando-nos a posturas reativas e a ver que fundos há para enviar candidaturas, que muitas vezes só agravam encargos”, alertou José Manuel Fernandes, sublinhando ainda a importância da proximidade – incluindo para “decisores políticos que às vezes parecem longe da realidade”.
Numa sessão animada e com uma assistência que juntou agentes académicos, empresários, políticos e autarcas, os eurodeputados José Manuel Fernandes e Marisa Matias (que participou igualmente na iniciativa) assumiram-se de acordo quanto aos problemas de comunicação. A informação não está organizada e estruturada, e não chega aos cidadãos, levando a situações de desconhecimento e criação de mitos errados sobre a UE.
“Muitas vezes, não temos consciência das oportunidades que podemos e devemos aproveitar. Limitamo-nos a um mínimo garantido que são os fundos comunitários que estão reservados a Portugal, mas esquecemo-nos dos programas geridos centralmente pela Comissão, desperdiçando recursos que seriam muito importantes para as pessoas e para melhorar as suas competências e condições de vida”, desafiou José Manuel Fernandes.
No que toca aos “mitos errados” suscitados pelos défices de comunicação e informação dos cidadãos, José Manuel Fernandes destacou que a União Europeia é o maior produtor mundial (25% do PIB mundial, à frente de EUA, China e Japão), tem um orçamento com apenas 6% de verbas para despesas administrativas contra 94% em investimento, e financiado em quase 38% por Alemanha e França (embora seja o Reino Unido quem mais dificulta o aumento dos financiamentos), além de ser um orçamento que ao longo dos anos cresceu muito menos que os dos estados-membros. “O problema é que os líderes europeus, nacionais ou locais, gostam muito de europeizar os insucessos e nacionalizar os sucessos e as obras”, sintetizou José Manuel Fernandes.
Na sessão de inauguração do Centro de Informação Europe Direct, o presidente do IPCA, João Carvalho, salientou o contributo e o esforço da instituição para ajudar ao desenvolvimento da região. Foi nesse âmbito que justificou o investimento no novo espaço, que pretende aberto aos alunos e aos habitantes de todas idades dos vales do Cávado e Ave.
Na sessão o presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes, exprimiu a sua “revolta contra a evolução desta Europa, de desigualdades e de radicalismos”, enquanto o presidente da Associação Industrial do Minho, António Marques, chamou a atenção para “os recursos e as oportunidades que a União Europeia disponibiliza e que são desperdiçados por falta de conhecimento”.
Por isso, o líder associativo elogiou a postura empreendedora do IPCA no lançamento do centro de informação Europe Direct (CIED) e o trabalho desenvolvido pelos eurodeputados no esforço para “tornar a Europa mais perto dos cidadãos”. De forma particular, António Marques confessou que foi “surpreendido pela existência de programas, que desconhecia, através de publicações do eurodeputado José Manuel Fernandes”.