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‘Agenda Pela Nossa Terra 2012’ lança mensagem forte de confiança no Minho – uma região com muitos atrasos, mas grandes potencialidades

A confiança no futuro de uma região que sofre de atrasos profundos em relação ao resto de Portugal e da Europa, mas com grandes potencialidades e uma diversidade concentrada única, marcou a apresentação do livro ‘Agenda Pela Nossa Terra 2012’ do eurodeputado José Manuel Fernandes, numa cerimónia que juntou mais de 300 pessoas, no Lar de Santa Teresa, em Viana do Castelo.

É fundamental saber em que situação estamos, para podermos reflectir e tomar as melhores decisões, tendo consciência que todos somos importantes para o desenvolvimento do Minho, da nossa terra. Esta obra é um contributo para isso”, afirmou o eurodeputado, numa cerimónia em que o secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, Marco António Costa, salientou a importância de “sabermos aproveitar as oportunidades da Europa”.

Vincando os parabéns “pela postura e pelo exemplo do eurodeputado José Manuel Fernandes que enobrecem a política e a causa pública”, Marco António Costa destacou o impacto das instituições particulares de solidariedade social (IPSS) na sociedade e no Estado de Direito, aproveitando para defender uma nova postura de confiança e parceria no relacionamento do Estado com as IPSS, designadamente ao nível da gestão de verbas e fundos para investimento.

O sector social e solidário é um dos esteios do desenvolvimento sustentável de Portugal, porque cria e promove emprego, inova e investe de forma responsável e inteligente, e sem estar sujeito à deslocalização e outros fenómenos globais de instabilidade económica”, anotou o governante.

Nesse enquadramento, enalteceu a iniciativa do eurodeputado José Manuel Fernandes – “um político de dimensão europeia que não esquece as suas raízes” – por ter dedicado a obra ‘Agenda Pela Nossa Terra’ à área social, às IPSS e aos voluntários que dedicam grande parte do tempo das suas vidas a lutar contra a exclusão social. E deixou uma palavra especial de apreço à obra social do Lar de Santa Teresa, uma instituição de acolhimento de crianças e jovens em risco que se evidencia pela capacidade de criar fortes laços de familiaridade com as utentes e ajudar a desenvolver novos projectos de vida, apontando como exemplo a jovem licenciada Sara Costa, uma utente do lar que fez a apresentação da cerimónia.

Importância redobrada das IPSS nos novos tempos

Na apresentação da obra, José Manuel Fernandes destacou a importância redobrada das IPSS no actual contexto., não só de crise económica, mas sobretudo de crescimento acentuado e envelhecimento da população. Um fenómeno global que se sente com particular incidência em Portugal e também no Minho.

“No mundo somos hoje 7 mil milhões de pessoas e estima-se que em 2050 cheguemos aos 9,3 mil milhões, mas que vai obrigar a um aumento de produção percentualmente muito maior”, apontou José Manuel Fernandes. Só que o aumento da população tem sido à custa da maior longevidade. Portugal é um exemplo paradigmático: em 1960 a média de idades da população era de 27,8 anos; em 2010 a média subiu para os 40,7 anos.

É neste quadro que o eurodeputado reforçou a importância, não só do envelhecimento activo, mas também da solidariedade entre gerações, destacando os estudos do Eurobarómetro que apontam os portugueses como dos mais disponíveis e abertos para a solidariedade na Europa.

A pressão sobre pensões e sobre a sustentabilidade do Estado social vão aumentar cada vez mais”, alertou José Manuel Fernandes, considerando por isso que “nunca é demais elogiar as IPSS”. Até porque “não é possível quantificar os custos da ausência das IPSS”. Deixou ainda um forte elogio às IPSS por praticarem há muitos anos as prioridades que estão definidas pela União Europeia para o crescimento desta década, na estratégia Europa 2020: “as IPSS inovam, criam emprego, promovem crescimento sustentável e favorecem a inclusão”.

Numa intervenção que encerrou com a declamação de um poema dedicado a Santa Luzia – da autoria de um antigo autarca vilaverdense Fausto Feio –, José Manuel Fernandes frisou que “todos somos importantes para o desenvolvimento do Minho”. Por isso, salientou “o orgulho por juntar numa mesma edição os nomes dos presidentes da União Europeia, do Parlamento Europeu, do Conselho e da Comissão, juntamente com os deputados do Minho, os presidentes de Câmara e vereadores, mas também os presidentes de Junta, para além de reunir o máximo de informação possível sobre as IPSS e a sua intervenção nas diferentes comunidades”.

Pela valorização do território e das pessoas

A valorização do território e das pessoas do Minho mereceu a nota de destaque do ex-presidente da região de turismo do Alto Minho, Francisco Sampaio, que assumiu a “responsabilidade” da apresentação do livro ‘Agenda Pela Nossa Terra’.

Depois da intervenção inicial do presidente da direcção do Lar de Santa Teresa, Armando Soares Pereira, que manifestou o orgulho pela recepção do evento, Francisco Sampaio escalpelizou o conteúdo do livro e enalteceu o levantamento de informação criteriosa sobre o Minho, no contexto de Portugal e da União Europeia, considerando um contributo da maior importância para o futuro da região. Para o justificar, citou o filósofo romano Seneca: “Não há ventos favoráveis para quem não sabe para onde vai”.

Francisco Sampaio felicitou o autor da obra pelas reflexões, análises e explicações sobre diversas matérias da União Europeia, desde a estratégia Europa 2020 e as perspectivas dos futuros fundos comunitários, à política de coesão e Fundo Social Europeu, reforma da política agrícola comum e actual execução de fundos. Aproveitou para realçar as críticas ao desvio para Lisboa de fundos que deveriam destinar-se a regiões mais desfavorecidas, como o Norte.

Dando conta dos dados estatísticos actualizados sobre o panorama social do Minho, Francisco Sampaio frisou a oportunidade do tema central da obra – o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade Entre Gerações – e o reconhecimento do papel insubstituível das IPSS. Fez ainda questão de felicitar o autor pelas belíssimas imagens do Minho oitocentista – que, “enquanto marcos históricos, nos obrigam à sua defesa e preservação” – e aos textos sobre a biodiversidade e os locais turísticos do Minho, a par do espaço dedicado às capitais europeias da Cultura e da Juventude. Deixou ainda uma nota pelos pensamentos e citações de mais de 50 autores europeus espalhados ao longo das 264 páginas do livro.

Cerimónia sobrelotada

Mais de 300 pessoas passaram pelo Lar de Santa Teresa, em Viana do Castelo, para marcar presença na apresentação pública da ‘Agenda Pela Nossa Terra’ do eurodeputado José Manuel Fernandes. O auditório acabou por revelar-se demasiado pequeno, para uma cerimónia que abriu com a exibição de um vídeo sobre o Minho e a Europa realizado por alunos da Escola Secundária de Monserrate, no âmbito do Prémio Escola na Europa. Foram muitas as pessoas que acabaram por não conseguir entrar no auditório. Presentes estiveram personalidades de diferentes quadrantes políticos e sectores de actividade, como o reitor da Universidade do Minho, António Cunha, e responsáveis de outras instituições de ensino superior da região, os directores da Segurança Social de Braga e Viana do Castelo, Rui Barreira e Paulo Vale. Deputados dos distritos de Braga, Viana do Castelo e também do Porto, vários presidentes de Câmara, nomeadamente de Viana do Castelo, Monção, Ponte da Barca e Valença, a par de muitos autarcas, como os vereadores Hugo Pires (Braga), Benjamim Pereira (Esposende), Emanuel Magalhães (Amares) e Luís Filipe Silva (Vila Verde), e do ex-líder socialista Martinho Gonçalves. Foram também muitos os presidentes de Junta dos diferentes concelhos do Minho, desde Viana do Castelo a Braga (como Firmino Marques). Entre os presentes ressaltavam presidentes de IPSS, provedores de misericórdias e diversos dirigentes associativos.