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José Manuel Fernandes alerta para situação “explosiva” no distrito de Viana do Castelo

O actual panorama social e económico do distrito de Viana do Castelo está a deixar extremamente preocupado o deputado europeu José Manuel Fernandes, perante a sucessão de falências e despedimentos numa das regiões mais desfavorecidas do País e da Europa.

 

Na sequência de um encontro com elementos da comissão executiva da União de Sindicatos do Distrito de Viana do Castelo (USVC), o eurodeputado – eleito pelo PSD e membro da comissão do orçamento no parlamento Europeu – sublinhou o lamento pela “incompreensível atitude” do Governo em não utilizar os fundos comunitários disponíveis para ajudar empresas em dificuldades e trabalhadores despedidos.

 

“É importante que Portugal seja ambicioso e use rapidamente o Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização (FEG), que tem 500 milhões de euros anuais e que está à disposição para ajudar os desempregados, que são as principais vítimas desta crise”, defendeu José Manuel Fernandes, que elogiou a postura da União de Sindicatos de Viana, liderada por Branco Viana, nos esforços que tem desenvolvido para evitar o encerramento de unidades empresariais.

 

“Os indicadores do desemprego no distrito de Viana são ainda mais dramáticos do que os indicadores nacionais. Infelizmente, é nestes números negros que conseguimos bater a média europeia. A subida do desemprego em Viana é assustadora. Em 2009, chegou a superar os 30% de aumento e o ritmo não pára. Há empresas que têm estado em lay-off, outras têm avançado com despedimentos colectivos e outras anunciaram o fecho, numa região onde o PIB per capita está mais de 30% abaixo da média nacional”, constatou o eurodeputado, alertando mesmo que “Viana é um autêntico cocktail explosivo”.

 

Em seu entender, exige-se uma intervenção rápida, apontando o recurso ao FEG, que se destina, designadamente, para formação e reinserção dos desempregados. Mas sublinhou que espera “um Governo mais ambicioso”.

 

“Espera-se que o Governo faça rapidamente uma candidatura ao Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização para apoiar Viana do Castelo e os seus desempregados, mas também que seja ambicioso e não faça como numa candidatura aprovada para apoiar desempregados têxteis em que pediu 833 euros por cada trabalhador, quando a Espanha pediu 3.006 euros”, desafiou José Manuel Fernandes, lembrando que chegou mesmo a questionar a Comissão Europeia sobre esta disparidade de valores e recebeu a resposta de que era a quantia pedida pelo Governo de Portugal.

 

O eurodeputado destacou ainda o novo programa de micro-crédito já aprovado pelo Parlamento Europeu que e se destina a apoiar empresas com menos de 10 trabalhadores e desempregados que pretendam criar o seu próprio negócio, através de empréstimos inferiores a 25 mil euros.

 

O encerramento de fábricas como a têxtil Regency e o anúncio do fim da Leoni – que representam cerca de 800 trabalhadores, num distrito que conta já mais de 10.00 desempregados – vieram agora agravar “uma situação que era já extremamente complexa no distrito de Viana do Castelo”.

 

O líder sindicalista Branco Viana alertou ainda para a situação de instabilidade que se vive actualmente nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, face à falta de encomendas e um volume de obras a ocupar actualmente apenas 10% do quadro laboral. “Se fecha, é o suicídio de Viana”, declarou o coordenador da USVC, lembrando que, para além dos cerca de 900 postos de trabalho directos, estaria em causa toda uma dinâmica envolvente que representa milhares de postos de trabalho.

 

José Manuel Fernandes reiterou a disponibilidade para colaborar na procura de soluções que possam minorar os efeitos da crise e mesmo inverter a actual tendência de decadência do tecido produtivo de Viana do Castelo, propondo uma monitorização eficaz e transparente da aplicação de fundos comunitários.