Numa altura em que cresce nos consumidores as preocupações com o meio ambiente, a indústria têxtil portuguesa está a apostar forte na economia circular e na sustentabilidade. Isso mesmo constatou o eurodeputado José Manuel Fernandes, numa reunião e visita de trabalho que realizou ontem na ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal. A palavra mais ouvida pelo chefe de delegação do PSD no Parlamento Europeu foi “investir” na investigação para se conseguir desenvolver produtos novos e inovadores e apoiar o processo de transição ambienta e digital.
Com esta visita de proximidade, o eurodeputado ficou a conhecer de perto a realidade do setor e conheceu no terreno as necessidades dos empresários. O objetivo é poder contribuir com o seu trabalho parlamentar para que a indústria portuguesa do têxtil e vestuário alcance um sucesso ainda maior. O encontro de trabalho decorreu no CITEVE, com as presenças, entre outros, do presidente da ATP, Mário Jorge Machado; do presidente do Conselho de Administração do CITEVE, António Amorim; e do presidente do Conselho de Administração da empresa Riopele, José Alexandre Oliveira. A maior preocupação ouvida dos empresários auscultados é conseguir aproximar o custo das roupas orgânicas ao sintético. O setor têxtil é especialmente proativo e tem procurado corresponder aos consumidores mais ecologicamente conscientes, que preferem roupas com fibras naturais e tecidos reciclados, dados os benefícios para a saúde e o meio ambiente. Em resposta a esta procura do consumidor e à pressão da Europa para tornar as suas operações mais verdes, a indústria têxtil portuguesa está a dar importantes passos no sentido de usar biomateriais e tecidos mais sustentáveis. Para ir de encontro a este objetivo, e a outros abordados no encontro, nomeadamente a transformação da circularidade do setor, descarbonização, digitalização da economia e da indústria, José Manuel Fernandes sugeriu “a criação de uma Plataforma de Investimentos para a Indústria Têxtil, onde se pudessem conjugar subvenções e empréstimos”, desafiando o governo português “para a criação desta plataforma onde também constariam instrumentos financeiros para a capitalização do setor”.
Na Europa, a indústria têxtil é um dos principais contribuintes para a economia, empregando cerca de 6% da classe trabalhadora. Além disso, cerca de 5 % das despesas das famílias na Europa são gastos em vestuário e calçado, dos quais cerca de 80 % são direcionados para o vestuário.
Em Portugal, em 2022, o têxtil e o vestuário tiveram um volume de negócios de 8.645 milhões de euros, empregam mais de 128 mil trabalhadores e exportaram 6.122 milhões de euros. Números que merecem uma atenção especial, até porque, destacou ainda o eurodeputado, este setor, “além do impacto negativo da Covid 19, foi fortemente prejudicado com o aumento dos custos de produção, devido ao aumento dos preços da energia, nomeadamente do gás natural”.A Europa continua a ser o principal mercado da indústria têxtil e de vestuário portuguesa, com a Espanha a liderar o nosso destino de exportações do setor. Em 2022, o setor têxtil e vestuário português cresceu no país vizinho cerca de 3% face a 2021; na França, exportou mais 21% em valor e mais 7,7% em quantidade, e em Itália, vendeu mais 17% em valor e mais 25%, em quantidade.
ASSOCIAÇÃO TÊXTIL E VESTUÁRIO DE PORTUGAL
A ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal é uma Associação Patronal, de âmbito nacional, que agrupa cerca de 500 empresas, as quais asseguram cerca de 35 mil postos de trabalho e quase 3.000 milhões de euros de faturação, sendo dois terços desse valor destinado aos mercados de exportação.
A ATP resultou da fusão da APIM (Associação Portuguesa das Indústrias de Malha e de Confeção) e da APT (Associação Portuguesa dos Têxteis e Vestuário), realizada em Julho de 2003, tornando-se a maior organização representativa do Sector Têxtil e do Vestuário português e uma das mais importantes em termos europeus, coincidindo com o destaque que a Indústria Têxtil e do Vestuário ainda tem em Portugal, já que assegura cerca de 11 % do VAB e 20% do emprego na indústria transformadora, 5.063 milhões de Euros exportados, 10% do total nacional.
Mais recentemente, a ATP realizou mais uma fusão, desta feita com a ANET – Associação Nacional das Empresas Têxteis (antigos Grossistas Têxteis), dando assim continuidade à sua estratégia de concentração e reforço do associativismo do Sector, garantindo assim a representatividade de todas as atividades da fileira, das atividades industriais a montante e jusante aos serviços, com especial destaque, neste caso, para a distribuição têxtil e do vestuário.