José Manuel Fernandes destaca ainda “Portugal tem uma carga fiscal enorme que reduz os salários dos trabalhadores.”
O eurodeputado José Manuel Fernandes realizou ontem, sexta-feira, dia 17 de março, uma reunião e visita de trabalho na APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de pele e seus Sucedâneos. Com esta visita de proximidade, o chefe de delegação do PSD no Parlamento Europeu ficou a conhecer de perto a realidade do sector e conheceu no terreno as necessidades dos empresários. O objetivo de José Manuel Fernandes é poder contribuir com o seu trabalho parlamentar para que a indústria portuguesa do calçado alcance um sucesso ainda maior. O encontro começou de manhã na APICCAPS, com reuniões de trabalho, e prosseguiu à tarde com a visita à empresa Carité – Shoemaking Group, em Felgueiras.
José Manuel Fernandes começou por destacar que “Portugal nunca teve tanto dinheiro na sua história, de 2021 a 2027 tem cerca de 50 mil milhões de euros em subsídios, metade do que teve entre 1986 a 2021. É preciso utilizar bem estes recursos. Não basta gastar, é preciso investir”. Destacou ainda o trabalho da APICCAPS: “A Associação Portuguesa do Calçado tem uma estratégia muito positiva, onde está presente a inovação, a investigação, e as exportações são essenciais. Representam mais de 2000 milhões de euros de exportações para 179 mercados. Ao contrário dos outros Estados-membros, Portugal tem aumentado o volume de produção, enquanto que os outros países têm reduzido o seu volume. Os empresários têm inovado, são competentes e corajosos”
Em relação às necessidades do sector, o eurodeputado destacou que “é importante que os custos de contexto sejam reduzidos, tais como a energia e a eletricidade que tem aumentado. E, depois, há outro fator que predomina em Portugal e que nos retira competitividade: a carga fiscal. Portugal tem uma carga fiscal enorme que reduz os salários dos trabalhadores.”
Sublinhou ainda que “Portugal devia ter um instrumento para a capitalização das Pequenas e Médias Empresas, que possibilitasse, por exemplo, que os custos financeiros que têm devido aos empréstimos fossem reduzidos. Há, também, instrumentos europeus para isso, como o InvestEU. Era essencial que o Banco de Fomento tivesse músculo, fizesse o seu trabalho. Se não o puder fazer, podemos sempre recorrer ao Banco Europeu de Investimentos.
A INDÚSTRIA PORTUGUESA DE CALÇADO EXPORTA ATUALMENTE MAIS DE 95% DA SUA PRODUÇÃO PARA 173 PAÍSES, NOS CINCO CONTINENTES
No último ano, as exportações aumentaram mais de 20% para 2009 milhões de euros.
Luís Onofre, Presidente da APICCAPS, começou por destacar que “depois de uma década de forte afirmação nos mercados externos, são várias as preocupações atuais para as empresas. Desde logo, o abrandamento económico generalizado, a principal preocupação para um setor altamente exportador como o calçado. Depois, o aumento expressivo da inflação. Acresce o aumento das matérias-primas e, por fim, a dificuldade das empresas contratarem uma nova geração de talento. Estima-se que na Europa, até 2030, a fileira moda necessite de contratar 500 mil novos colaboradores”.
Sublinhou ainda que “a APICCAPS entende que não é sustentável que 88% do calçado seja produzido na Ásia. Um único país tem nesta altura uma quota de mercado na ordem dos 60%. A APICCAPS defende regras de comércio livre, justo e equilibrado. Para isso, importa que sejam implementados princípios de reciprocidade. Só dessa forma será possível defender o setor industrial europeu”, concluiu.