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Portugal merece ter sucesso

António Costa ganhou as eleições com maioria absoluta. Nem o mais optimista dos socialistas considerava que tal fosse possível. As sondagens influenciaram o resultado. Não é possível haver um empate técnico entre PS e PSD na última semana de campanha e depois o resultado ser uma maioria absoluta. Estas sondagens “obrigaram” ao voto útil à esquerda que já estava facilitado pelo facto do Bloco de Esquerda (BE) e PCP aparecerem como os culpados de eleições antecipadas, em virtude de terem chumbado o orçamento mais à esquerda que tinha sido apresentado por António Costa.

O PS é o grande vencedor das eleições beneficiando do esvaziamento do Bloco de Esquerda e do PCP. Aliás, o Bloco de Esquerda é um dos maiores derrotados tendo passado de 19 deputados para 5.

Com os círculos da Europa e fora da Europa ainda por apurarem, o PS venceu as eleições com 41,68%, o Bloco de Esquerda foi resumido a 4,46% e o PCP a 4,39%.

Comparativamente às eleições legislativas de 2019 tivemos menos abstenção e votos nulos. Tivemos 5.389.705 votantes, enquanto em 2019 foram 5.092.812.  Os votos nulos passaram de 1,74% (88.551) em 2019 para 0,92% (49.597 votos) em 2022 e os brancos de 2,54% (129.610 votos) em 2019 para 1,15% (61.762 votos) em 2022. Ficamos com 106.862 votos “livres”. Apesar disso, a denominada esquerda (PS, BE, PCP, PAN, Livre) teve cerca de menos 50 mil votos relativamente a 2019.

À direita o PSD e a Iniciativa liberal tiveram um crescimento de mais 280.083 votos comparativamente a 2019. A extrema direita teve um crescimento de 319.111 votos. Todos tiveram mais votos com excepção do CDS/PP que teve menos 129.876 votos. Lamento que um partido fundador da democracia não tenha elegido nenhum deputado. O CDS/PP faz falta no Parlamento. A dispersão de votos à direita, as enormes perdas de votos do PCP e BE levaram a que o PS com apenas 41,68% tenha tido maioria absoluta. Recordo que António Guterres com 43,8% não tinha conseguido maioria absoluta.

O resultado do PSD é negativo. Não culpo Rui Rio. Está por demonstrar que outro líder tivesse melhor resultado. Não é de agora que o PSD tendo o melhor programa, capacidade de formar o governo de que Portugal precisa, não consegue passar a mensagem do que pretende. Com Pedro Passos Coelho, a esquerda conseguiu passar a ideia que estava a fazer cortes com prazer e a ir além da Troika. Com Rui Rio, o PS conseguiu passar a ideia de que o PSD não queria aumentar as pensões ou o salário mínimo. O PSD não precisa de se refundar ou de alterar a sua posição ideológica. O PSD precisa de ter estratégia e saber comunicar o que pretende para Portugal e para os portugueses.

A benevolência com a esquerda e extrema esquerda continua. Apesar dos resultados desastrosos do BE e do PCP ninguém insiste com a necessidade de os protagonistas retirarem conclusões e se demitirem. O PSD teve mais 77. 961 votos, mas não atingiu os objetivos. Se Rui Rio tivesse o mesmo comportamento de Catarina Martins ou Jerónimo de Sousa não tenho dúvidas que seria permanente massacrado.

O PCP, como era previsível, fará a oposição na rua através de greves e manifestações. O BE já está a justificar a sua existência com a do Chega. Não é novidade que os extremos se alimentam passando cada um a existir em função do outro.

O PSD terá uma tarefa difícil. No parlamento nacional teremos um Chega ruidoso e uma Iniciativa Liberal criativa e bem preparada.

O Chega é muito útil ao PS. Nas últimas eleições verificamos que serviu de arma de arremesso ao PSD. Acresce que o Chega retira votos ao PSD e em termos autárquicos tem viabilizado orçamentos do PS como é o caso dos municípios do Entroncamento e Sintra.  Quanto mais o Chega cresce mais o PS beneficia.

O PS tem todas as condições para executar o seu programa. Não lhe faltam recursos financeiros. Com o Plano de Recuperação e Resiliência (a bazuca) e o Quadro Financeiro Plurianual, Portugal dispõe de uma média diária de 23 milhões de euros até 2027.  No final faremos a avaliação. As desculpas acabaram e depois de 10 anos consecutivos de governação já não poderão dizer que a culpa é de Pedro Passos Coelho ou dos parceiros da geringonça.

Os portugueses querem e vão exigir ao PS que aproveite as excelentes condições que tem e que governe bem. Pelo futuro de Portugal. O PS tem reunidas as circunstâncias de que necessita para fazer uma excelente governação, não podendo apresentar desculpas para deixar de executar um projecto de crescimento e de coesão. Pode dar a competitividade de que Portugal precisa e efectivar a coesão territorial que tanta falta faz ao nosso país. O PS tem um contexto que lhe permitirá reduzir a burocracia e fazer crescer a nossa economia. Ao futuro executivo, não faltarão os recursos financeiros para avançar com as reformas estruturais e fundamentais para abandonarmos a cauda da Europa.

Nenhum outro Governo teve ao seu dispor os fundos e instrumentos financeiros que António Costa vai ter. Temos de ser exigentes. Portugal merece ter sucesso.

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